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O que limpar o próprio banheiro pode ensinar – por Luciano Ribas

Não fui eu quem relacionou sociedades menos desiguais com baixos níveis de violência. Foi Daniel Duclos, no texto “Da relação direta entre ter de limpar seu banheiro você mesmo e poder abrir sem medo um Mac Book no ônibus” (disponível aqui http://migre.me/oSFGH). Um belo artigo, curto e verdadeiro. Recomendo a leitura, especialmente se você, diferente de mim, não limpa o próprio banheiro.

Sim, por mais que possa surpreender alguém, eu limpo o banheiro do meu apartamento. E lavo a louça, varro o chão, cozinho, desço o lixo, arrumo a cama e até “passo” o aspirador… Sou bastante “prendado”, por assim dizer.

Admito que não comecei a fazê-lo por causa do artigo, mas por um problema de logística: ficou complicado acertar um horário com a pessoa que fazia a faxina. Concluí, então, que seria mais fácil limpar a casa eu mesmo. E comecei.

Depois de um ano e meio, continuo achando a tarefa desagradável. Mas, cada vez mais, me convenço de que todos deveriam fazê-lo em algum momento da vida. Para mim, há nesse simples ato um poder pedagógico imenso, capaz de afirmar lições básicas de vida: o respeito a todas as profissões que propiciam um meio honesto de vida, a consciência sobre as consequências decorrentes de tudo o que fazemos e a certeza de que nenhum ser humano nasceu para ser “inferior”. Lições que, uma vez aprendidas, provavelmente não serão esquecidas, mesmo que nunca mais precisemos limpar o banheiro de casa.

Talvez você discorde de mim e ache isso uma bobagem, uma irrelevância ou até mesmo um certo tipo de “populismo”. É um direito seu, evidentemente. Apenas espero que o seu motivo não seja justamente a ideia que combato: a de que existiriam pessoas cujo destino é servir e outras que nasceram para “mandar”. Um pensamento arrogante e mesquinho, que justificaria todo o tipo de exclusão, de preconceito e de desumanidade.

Por falar nisso, no próximo dia 15, entre alguns desavisados e um número indefinido de pessoas bem intencionadas, haverá muita gente “phyna” (que considera uma indignidade limpar um vaso sanitário) clamando por um golpe. Diga-se de passagem, algo fácil de fazer em uma democracia, enquanto o inverso seria impossível sob uma ditadura, regime marcado pela tortura e pela sujeira empurrada para baixo de muitos tapetes.

Fariam melhor, penso eu, se tentassem limpar o próprio banheiro ao menos uma vez na vida.

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