Santo Ildo jamais – por Luciano Ribas
Não sei se é o melhor jeito de falar sobre um amigo que deixou tão prematuramente o nosso mundo, mas o Ildo Calegari não era um santo. E, a bem da verdade, acho que se ele fosse uma “santa criatura” talvez não houvesse tanta gente lamentando sua ausência, nem tantas memórias sendo compartilhadas.
Mas, não me entendam mal. Quando eu digo que o Gringo não era santo não o estou depreciando, nem deixando de reconhecer as muitas qualidades que trazia consigo. Pelo contrário, estou sublinhando a que, em quase 30 anos de convivência, sempre me pareceu ser a que melhor o definia: a autenticidade.
Quando escrevo que o Ildo não era santo quero dizer que era impossível ficar indiferente a ele, simplesmente porque o “Gordo” não ignorava nenhum assunto, do futebol à conjuntura internacional. Para tudo ele tinha uma opinião e um ponto de vista e era com eles que colecionava parceiros de discussão em todos os lugares que frequentava, das mesas do antigo “Verinha” da Floriano ao Facebook. Era passional e apaixonado, raciocinava rápido, debatia com destreza, criava personagens e, às vezes, até passava do ponto nas leituras que fazia sobre os acontecimentos presentes e futuros, mas não se abstinha jamais de opinar.
Casou, descasou, casou de novo, ganhou dinheiro, perdeu dinheiro, esteve no monte e na planície, foi protagonista e coadjuvante, bateu e apanhou, conheceu as vitórias e a derrotas e foi de Pains a Paris com a desenvoltura sobrevivente típica dos imigrantes. Vivia, talvez, o seu melhor momento quando essa fatalidade o retirou do nosso convívio.
Digam o que quiserem os que buscam conforto nas religiões (e todos têm o direito de fazê-lo, é claro, se isso traz serenidade e alento), mas a morte é uma sentença cujo significado apenas um ateu compreende plenamente. Não sei se ela pode, em algum momento, ser considerada “justa”, mas sei que, nesse caso, ela certamente não é. Nem nós, seus amigos, e nem a sua família merecíamos deixar de ter o Ildo conosco, sobretudo em um momento como este, em que precisamos tanto de força, coragem e fidelidade.
Gostaria de poder terminar esse breve texto com uma de suas histórias, mas escolher uma (entre as publicáveis e as impublicáveis) seria desrespeitar todas as outras. Prefiro fazê-lo com a principal lição de vida que, me parece, o Ildo nos deixou: seguir em frente, sempre em frente.
Aconteça o que acontecer, no mínimo daremos boas risadas.
O Ildo era intenso , muito franco e solidário , um apaixonado por tudo que fazia, sempre alegre e com a piada pronta, parece que ele sabia da sua breve passagem por aqui, perdeu quem não o conheceu melhor. Vai meu querido gordo em paz.
Pos é fica dificil de encontrar palavras que descreva este grande amigo e parceiro! Foram poucos os dia que passavamos juntos aqui porem intensos e cheios de serenidade Ildo me trouce um pedaço do Brasil que eu não conhecia; todos os anos receber ele aqui com os outros amigos que viam a cada ano era uma grande alegria Esse texto acima citado me lembra mesmo muitos os momentos que marcaram as suas viagens aqui; hoje tudo que os amigos escreve sobre ele desfilam na minha mente as inumeras qaulidades que eu observava nele meu coracão esta apertado eu penso muito na familia dele que eu conheço atravez dele Graça e Gérard Bertillot
Tem gente que é denso na energia e na afetividade. A presença simbólica do companheiro Ildo, convidava a reflexões e quando perto de sua querida Glaucia ele ficava ainda mais especial. Uma taça de vinho, e uma certeza de que tem gente que esta neste mundo para melhorar seu entorno…