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A guerra de cada um – por Bianca Zasso

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Filmes que têm suas tramas ou apenas algumas cenas ambientadas em festas de casamento abrem portas para o desenvolvimento de vários temas. Dramas familiares costumam ser os mais comuns, mas há espaço para a comédia e até para celebrar o poder da amizade. No entanto, a união de um casal mais significativa já mostrada na telona, pelo menos na opinião desta humilde cinéfila, está presente numa produção que tem seu foco na força maligna que a guerra impõe aos seus participantes.

O franco atirador, dirigido por Michael Cimino e vencedor do Oscar de melhor filme, tem suas cenas iniciais na preparação do casamento de Steven que, ao lado dos amigos Nick e Michael, vai embarcar para o Vietnã. Três jovem operários da Pensilvânia aguardando o momento de defenderem seu país. Na superfície, é isso que vemos. Conforme a festa com toques de tradição russa avança, descobrimos a confusão de cada um dos futuros guerreiros. O medo da morte, o medo de matar, o abandono da família, a namorada que já está distante antes mesmo de dizer tchau. Todos desejam sorte e tratam o fato dos três homens irem para o campo de batalha como uma honraria. Mas há o lado humano, que sente medo e planta em suas cabeças que o caminho que escolheram seguir não será fácil e pode não ter significado algum.

Como um bom filme de guerra, O franco atirador tem cenas de batalha com direito a explosões e muitas balas seguindo em direção ao “inimigo”. Porém, seu grande trunfo está nos atores e em suas atuações intimistas. Robert De Niro dá vida ao protagonista sem maneirismos, numa das atuações mais interessantes de sua longa carreira. John Savage, Christopher Walken, John Cazale e Meryl Streep completam o elenco harmonioso, que confere ao longa uma autenticidade única. Nenhum deles está soberbo, mas juntos eles encantam, até mesmo em cenas simples, como a canção entoada pelo grupo durante um café da manhã.

O franco atirador não é violento por questões estéticas. É um filme onde interessa mais o valor do ferimento do que o modo como ele foi adquirido. Cimino criou uma história sobre os efeitos da guerra, os físicos e os psicológicos, e mostra que os cortes mais profundos não poderão ser curados com medicamentos, terapia ou medalhas. Deus pode até abençoar a América, mas a fé de quem luta por ela não é mais a mesma.

O franco atirador (The deer hunter)

Ano: 1978

Direção: Michael Cimino

Disponível em DVD e Blu-Ray

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