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Mais uma Feira do Livro (e um pedido) – por Antonio Candido Ribeiro

Perdi a conta do número de vezes que, nas últimas três décadas, escrevi sobre nossa Feira do Livro, que, sem nenhum favor, é o maior evento cultural de Santa Maria. Por isso, a cada ano, quando o outono, com sua luz mágica e indescritível se instala entre as árvores e as bancas apinhadas de letras, palavras, frases, períodos e capítulos que transformados em livros enchem a Praça Saldanha Marinho de poesia e encanto, me renovo na certeza de que o livro, malgrado todos os vaticínios em sentido contrário e toda tecnologia construída pelo mundo moderno, haverá de permanecer per omnia saecula seculorum como fonte palpável e indestrutível de difusão da verdade, do conhecimento, da transformação e da aventura que é viver e caminhar pelas veredas de um mundo nem sempre terno e aconchegante, que sabe se fazer também áspero e hostil.

Vi a Feira nascer tímida e audaciosa (se é que me entendem), lá nos primórdios dos anos setenta do século passado, em gesto ousado e desafiador de um punhado de jovens idealistas (parece mentira e talvez, até, alguns leitores nem acreditem, mas houve um tempo em que boa parte dos jovens era idealista e sonhava sonhos que se estendiam para muito além do individualismo embrutecedor e consumista que parece assolar a vida presente ) que compunham a primeira turma do Curso de Comunicação Social da UFSM.

Antes, é certo e necessário que se diga, houve três edições da Feira, com outra feição talvez, mas também por iniciativa de jovens estudantes – universitários e secundaristas – na década de sessenta.

Por ter visto a Feira nascer, me encanto, me abismo, me espanto, quando, hoje, circulando pelo seus corredores, dimensiono seu tamanho, vislumbro sua grandeza, seu amplo espectro intelectual e seu generoso caráter, que é plural, como deve ser o caráter de uma feira de livros que se preze, que seja democrática e aberta às variadas possibilidades multiculturais que giram em torno da produção textual e livreira.

Que o poder público municipal, sem cujo apoio a Feira não aconteceria, a transforme em evento efetivamente público com dotação orçamentária própria, que assegure sua realização independentemente das parcerias com outros órgãos públicos e com entidades e organismos privados e do inseguro mecanismo de renúncia fiscal hoje utilizado, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a LIC.

Isso, menos como escrivinhador que já foi distinguido como Patrono da Feira (2010) e mais como cidadão preocupado com o futuro de nossa cidade, é o que peço, se é que pedir eu posso, a quem tenha poder(es) para alimentar, com alguma dose de realidade, esse sonho velho e teimoso de fazer de Santa Maria um centro irradiador de Cultura e não apenas um centro educacional e difusor de conhecimento formal.

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