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Somos todos cúmplices – por Liliana de Oliveira

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O filósofo Theodor Adorno em sua obra Educação e Emancipação afirma quese a frieza não fosse um traço básico da antropologia, e, portanto da constituição humana como ela realmente é em nossa sociedade; se as pessoas não fossem profundamente indiferentes em relação ao que acontece com todas as outras, excetuando o punhado com que mantêm vínculos estreitos e possivelmente por intermédio de alguns interesses concretos, então Auschwitz não teria sido possível, as pessoas não o teriam aceito”.

Nossa indiferença em relação ao que acontece com os outros é assustadora. Não nos comovemos com jovens infratores, pelo contrário, queremos que cada vez mais cedo esses jovens sejam presos e castigados pelos crimes que cometeram. Agimos como se a vida já não os tivesse castigado suficientemente.

Não nos comovemos com os haitianos ou senegaleses que deixaram para trás suas terras, seus trabalhos, suas famílias e chegam aqui no Brasil sem sequer falar uma palavra em português e se submetem a um trabalho (quase) escravo.

Não nos comovemos com o desamparo dos imigrantes e refugiados mortos no Mar Mediterrâneo, incluindo os que são forçados a fugir da guerra e da perseguição no Oriente Médio e na África.

Não nos comovemos com um bilhão de pessoas que não têm o que comer. (A cada três segundos, alguém morre de fome no mundo). Não nos comovemos. Não nos solidarizamos com o sofrimento do outro. Somos cúmplices silenciosos de barbáries e violências cotidianas.

A educação quando é emancipatória poderá permitir que a barbárie não aconteça e que Auschwitz não se repita. Auschwitz se repete na violência cotidiana cometida contra aqueles a quem o estado sonegou uma vida digna. Auschwitz se repete quando imigrantes morrem de modo indigno no Mar Mediterrâneo. Auschwitz se repete quando milhões de pessoas passam fome no mundo. Auschwitz se repete quando negros, mulheres e homossexuais são assassinados em função daquilo que são e representam. Ou seja, Auschwitz se repete sempre que somos indiferentes a tudo aquilo que fere a vida e a dignidade humana. Rogo para que tenhamos coragem de nos implicar e tomar a dor do outro como nossa!

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução de internet.

 

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Um Comentário

  1. Cada vez mais me convenço da indiferença humana. Tento entender e me coloco na mesma situação. Por que somos tão indiferentes ? Sentimos compaixões momentâneas. Nos solidarizamos com as pessoas que sofrem com a destruição do outro lado do mundo e não olhamos para o nosso lado. Digo solidariedade porque sei muito bem o que a falta faz. Mata em vida quem precisa de muito pouco. Perdemos o sentido do que vale viver em um mundo indiferente.

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