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Essa mídia! Tem o caso do Alceni. E o do Ibsen. Mas quem diz que se aprendeu algo com isso?

O jornalista Carlos Brickmann é um dos mais experients profissionais do País. Tem estrada, muita estrada. Vivência de redação em grandes jornais. Inclusive os maiores do País. Hoje atua, fundamentalmente, com consultoria de imagem. Já trabalhou também em assessoramento a políticos. Um deles, Paulo Maluf. Aliás, esse ainda precisa de um profissional qualificado ao lado, mas isso é problema dele.. hehehehe.

 

Enfim, o homem, o Brickmann, conhece. E escreve, semanalmente, uma coluna (Circo da Notícia) no site especializado (o maior do País) Observatório da Imprensa. Vale a pena ler a edição desta semana, tornada disponível ontem. A seguir:

 

“Denúncias & denuncismos – A hora de degolar os feridos

Nas guerras do Sul, argentinos, uruguaios e gaúchos de todas as facções tinham um tipo especial de soldado: o degolador. Terminada a batalha, iniciava-se o trabalho de cortar o pescoço dos feridos. Era importante não fazer prisioneiros.

O tempo passa, o tempo voa e a poupança daquele banco já nem mais continua numa boa. Hoje, os feridos não são mortos no final da batalha. Mas, se uma personalidade pública for alvejada, haverá grande probabilidade de sofrer um ataque em conjunto, simultâneo, por jornais, revistas, blogs, colunas, tevê e rádio. Ai de quem se opuser ao lincha-e-relincha: serão apontados como os articuladores da pizza. Nem os juízes escapam: contra eles, levanta-se a velha e autoritária frase de que a polícia prende e a Justiça solta.

Não é um fenômeno brasileiro, apenas. Já houve acontecimentos semelhantes na União Soviética, na época dos Processos de Moscou. Na França, Alfred Dreyfus demorou a encontrar quem tivesse a coragem de defendê-lo. Nos Estados Unidos, opor-se ao macartismo significava enfrentar a poderosa Comissão de Atividades Antiamericanas do Senado. E, naturalmente, houve a Alemanha de Hitler. Como dizia seu ministro de Propaganda, Joseph Goebbels, “nós decidimos quem é judeu”.

É importante que os meios de comunicação reflitam sobre seu papel nesses casos. Se acreditam efetivamente na culpa dos atingidos, caso em que se devem manter na luta, ou se apenas estão seguindo os passos da manada.

Muitas vezes o alvo dos ataques é efetivamente culpado – mas, sem dúvida, sua defesa é dificultada. E se não for culpado – como, por exemplo, os deputados Ibsen Pinheiro e Alceni Guerra, vítimas de campanhas violentíssimas? Nesse caso, todos lavam as mãos e fingem que não é com eles.

Quadrilha?

Nesta semana, deve iniciar-se o julgamento da denúncia do procurador-geral da República contra 40 pessoas acusadas de envolvimento no caso do mensalão. A imprensa não está neutra, não: há quem se refira ao “julgamento dos quadrilheiros” –  ora, se são quadrilheiros, não há nem motivo para julgá-los, pois já estão condenados pelo crime de formação de quadrilha. Outro texto: “o julgamento da organização criminosa liderada por José Dirceu“. Mais um: “começa o julgamento dos mensaleiros”.

OK, título tem de caber no espaço, tem de identificar o caso. Mas não pode fazê-lo culpando quem ainda está sendo julgado – e que, no Estado de Direito que dizemos defender, é inocente até prova em contrário.

Quem é quem

Este colunista não tem qualquer identificação política com José Dirceu ou José Genoíno, embora goste de conversar com ambos. Não conhece pessoalmente nem Delúbio Soares nem Sílvio Pereira, nem aprecia suas posições políticas. Mas acha que os perfis que os meios de comunicação vêm traçando desses personagens tendem a demonizá-los. De repente, uma perua Toyota Fielder, carro de classe média, é mostrado como sinal de riqueza. Um repórter se queixa de que José Dirceu não lhe permitiu bisbilhotar os contratos que assinou com clientes. O objetivo é mostrar que todos, embora execrados pela opinião pública – ou, pelo menos, pela opinião publicada – continuam muito bem de vida.

O curioso é que, antes do efeito-manada, não havia acusações a ninguém. Silvio Pereira começou a usar um Land Rover, carro caro, e nenhum repórter achou estranho. Delúbio Soares, professor de profissão, deu uma festa em sua fazenda, para comemorar o aniversário do pai. Dezoito jatinhos levaram alguns dos convidados. Nenhum meio de comunicação se dispôs a…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da coluna “Circo da Notícia”, assinada por Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

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