É um grande mistério. Está bem, é ironia mesmo. Mas o fato é que a Operação Zelotes, que investiga graúdos dos graúdos, inclusive da mídia, não aparece mais nem no rodapé dos jornais. Televisão? Nem pensar. Inclusive aqui no Sul longínquo. Epa, opa. Melhor parar por aí.
Mas em alguns lugares ainda se fica sabendo do que ocorre com essa tal Zelotes, que anda, por incrível que pareça. A investigação é acompanhada, por exemplo, pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFT) da Câmara dos Deputados e que tem como relator o santa-mariense Paulo Pimenta.
Foi exatamente lá, nesse fórum, que o procurador responsável pelo trabalho investigatório trouxe informações relevantes – para o cidadão, não para a mídia, que, claro, as ignorou. Quer mais detalhes? Confira no material publicado pelo jornal eletrônico Sul21. A reportagem é de Luciano Nascimento, da Agência Brasil, com foto da Agência Câmara de Notícias. A seguir:
“Zelotes: procurador diz que 74% dos julgamentos do Carf estão sob suspeita
O procurador federal Frederico de Carvalho Paiva, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, informou nesta quarta-feira (13) que as fraudes investigadas pela Polícia Federal (PF) no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) indicam que, dos R$ 19 bilhões de multas, cerca de R$ 5 bilhões são relativos a débitos tributários de apenas cinco ou dez empresas. Segundo ele, são 74 julgamentos sob suspeita, somando R$ 19 bilhões. “Há indícios de que há algo errado nesses julgamentos, mas não significa que eles serão anulados”, afirmou.
“Há indícios mais fortes em R$ 5 bilhões, envolvendo 15 ou 20 empresas”, disse o procurador. De acordo com Paiva, que responde pelo 6º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, a União vence em cerca de 95% do processos analisados pelo Carf, a maioria envolvendo pequenas empresas. O problema, segundo ele, é que os 5% restantes são relativos às grandes empresas e representam 80% do valor dos débitos em julgamento no órgão.
Durante audiência pública na Câmara sobre o esquema de corrupção no Carf, Frederico Paiva explicou que a fraude realizada por escritórios de advocacia e contabilidade, servidores públicos e conselheiros do órgão consistia na manipulação de julgamentos para anular dívidas tributárias das empresas…
…A investigação é acompanhada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFT) da Câmara. O relator, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse que ficou surpreso com a composição e funcionamento do órgão, que é a última instância administrativa para julgamento de autuações da Receita Federal a empresas e pessoas físicas…”
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Jornalismo de primeira. Manchete fala em 74% dos julgamentos do CARF sob suspeita. O lead fala em 74 julgamentos. Se a União ganha em 95% dos casos e 74% estivessem sob suspeita, uma parte dos casos ganhos estariam sob suspeita.
Em todo caso, presunção de inocência também se aplica aos ricos. E os casos sob suspeita na via administrativa acabarão indo para o judiciário.