Não faltaram controvérsias. Inclusive um atraso de quase um ano, para que enfim fosse instalada. Mas o fato é que desde a noite de anteontem, a Comissão da Verdade está formalmente instalada e poderá, quem sabe, passar a limpo um período tenebroso na história do país e que teve reflexos, sim, também no interior da maior instituição federal do interior do Brasil.
A Comissão, entre titulares e suplentes, contará com 18 integrantes, todos devidamente empossados e aptos a iniciar o seu trabalho. Para saber mais da solenidade de instalação e, ao longo do texto, conferir todos os integrantes, confira o material originalmente publicado no sítio da UFSM, produzido pela Coordenadoria de Comunicação Social. A reportagem é de Lucas Casali, com foto de Ivan Lautert, da assessoria de imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM. A seguir:
![Dirigentes da UFSM e de fora dela foram ao ato que marcou a instalação do colegiado](https://img.claudemirpereira.com.br/2015/06/ufsm-verdade1.jpg)
“Para que os erros do passado não se repitam no futuro
“Nós depositamos toda a confiança nos membros desta comissão, que certamente trabalhará responsavelmente, não em uma caça às bruxas, não em busca de pessoas, mas em busca do restabelecimento dos fatos.” A frase foi proferida pelo reitor Paulo Burmann na noite de segunda-feira (15), no auditório da antiga reitoria, durante a solenidade de instalação da Comissão da Verdade da UFSM. O objetivo da comissão é apurar o que aconteceu na universidade na época da ditadura militar (1964-1985). A investigação terá o prazo de um ano para ser concluída.
A tarefa de trazer a público os excessos e arbitrariedades que tenham ocorrido na universidade durante a ditadura ficará a cargo dos 18 membros da comissão, os quais foram indicados pelos seguintes órgãos e entidades: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção Sindical dos Docentes (Sedufsm), Associação dos Servidores (Assufsm), Diretório Central dos Estudantes (DCE), Conselho Universitário e departamentos de Documentação, História e Direito da UFSM. Uma das primeiras ações da comissão será a eleição do seu presidente, o que deve ocorrer nas suas primeiras reuniões.
Durante a solenidade, o primeiro a manifestar-se foi o presidente da subseção da OAB em Santa Maria, Péricles da Costa. De acordo com ele, “além dos fatos e das ocorrências que passaremos então a conhecer, (a comissão) trará à tona também o heroísmo de tantos quantos que contribuíram para a construção desta valorosa instituição para a comunidade da Boca do Monte, ao passo que saberemos também a efetiva dimensão das dificuldades que estes homens e mulheres – representados sempre pela quase mítica figura do gaúcho do século, professor José Mariano da Rocha Filho – enfrentaram.”
Órgão encarregado de investigar e reprimir atividades subversivas, a extinta Assessoria Especial de Segurança e Informação (Aesi) da UFSM teria sido uma das mais atuantes do país durante a ditadura, de acordo com a acadêmica Tamara Juriatti, representante do DCE. Em seu pronunciamento, ela também saudou a participação de estudantes na comissão. “A gente, do movimento estudantil, vê como muito importante que a comissão seja composta também por alunos, porque isso não acontece infelizmente em todas as universidades.”
Para Darci Fidler, representante da Assufsm, é honroso o compromisso assumido, apesar da difícil responsabilidade de reescrever a história. “É uma honra para mim estar representando a minha categoria, dos servidores técnico-administrativos em educação da UFSM, nesse momento histórico. Eu quero salientar que vamos tentar fazer o possível para reescrever essa história, contar uma parte da história que não foi contada, que foi escondida de todos nós”
O presidente da Sedufsm, Adriano Figueiró, avalia que a memória sobre o período da ditadura está desaparecendo entre a comunidade acadêmica. “Nós hoje estamos em uma universidade em que, não só os alunos, mas os professores mais novos já nasceram e cresceram na democracia. E a esses professores, é fundamental que sejam chamados, para que conheçam a história, para que conheçam as lutas, para que conheçam a trajetória daqueles que lutaram, inclusive arriscando a própria vida, para manter a capacidade da expressão, a capacidade do debate dentro de uma universidade que deveria ter sido plural desde o início, mas não foi.”
A última manifestação da noite coube ao reitor da UFSM, segundo o qual “muitas coisas já foram devidamente esclarecidas, porque o processo político de redemocratização do país proporcionou que isto acontecesse. Outras tantas precisam ainda de respostas. A universidade, com esse espírito de buscar permanentemente a verdade, coloca todos os seus registros e os seus arquivos à disposição desta comissão.”
A lista completa dos membros da Comissão da Verdade da UFSM pode ser conferida a seguir:
Representantes do Departamento de Documentação:
– Glaucia Vieira Ramos Konrad (titular)
– André Zanki Cordenonsi (suplente)
Representantes do Departamento de História:
– Diorge Alceno Konrad (titular)
– Julio Ricardo Quevedo dos Santos (suplente)
Representantes do Departamento de Direito:
– Maria Beatriz Oliveira da Silva (titular)
– José Luiz de Moura Filho (suplente)
Representantes do DCE:
– Tamara Juriatti (titular)
– Aline Seixas (suplente)
– Yan Baggiotto Giuliani (do curso de História)
– Guilherme Garcia Teixeira (do curso de Arquivologia)
– Bolívar Kokkonen (do curso de Direito)
Representantes da Sedufsm:
– Rondon Martim Souza de Castro (titular)
– Claudio Roberto Losekann (suplente)
Representante da Assufsm:
– Darci Trevisan Fidler
Representantes da OAB:
– Márcio de Souza Bernardes (titular)
– Márcio Moraes Brum (suplente)
Representantes do Conselho Universitário:
– Ana Lucia Aguiar de Melo (titular)
– Alcir Luciany Lopes Martins (suplente)
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