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Escassas certezas – por Antonio Candido Ribeiro

Que coisa, parece que foi ontem que comecei e três meses já de participação neste prestigiado espaço já se foram. E, confesso (é a impressão que tenho), ainda não adquiri o timing correto, ainda me enredo com a subjetividade característica do texto apartado da vida real. Aqui, a crônica jornalística, que aprendi a escrever ao longo de trinta anos, parece não ser o molde adequado ao propósito do site. Aqui, se quer textos mais assentados na realidade e menos ajustados à divagação e à poesia. Aqui, o intimismo e a evasão devem ceder lugar ao que diz respeito à generalidade da coisas e à concretude da vida.

Por isso, pela necessidade de adaptação, lhes pedi, no primeiro texto que escrevi, o tempo mínimo necessário ao aprendizado das sutilezas e atalhos do novo veículo.

De lá a esta parte, escrevi sobre temas que entendi atuais e de interesse geral e que passaram pela política, pela economia, pelo mundo e suas idiossincrasias. Transitei – e esta é a matéria-prima da crônica, jornalística ou não –, pelos espaços concretos de convivência humana e pelas humanas desarmonias, que inviabilizam a convivência civilizada de nossa espécie, depois de milênios de caminhada e de aprendizado das enviesadas trilhas da concórdia.

Quem escreve por obrigação em espaço como este não pode se permitir a descompromissada evasão. E se a inspiração claudica, mister é encontrar tema que exija firme e clara opinião. É isso, suponho, o que querem os eventuais leitores.

Semana passada, por exemplo, falei da aflitiva situação da Grécia, berço inconteste da civilização ocidental, em face da posição draconiana dos credores do bloco europeu e do FMI quanto à necessidade (na opinião deles) de adoção de políticas públicas, econômicas e sociais, contrárias àquelas adotadas pelos gregos nas últimas décadas. Tema este que não diz respeito apenas aos helênicos e tem estreita correlação com questões políticas e econômicas globais, e que, portanto, nos dizem respeito também. Ah, falei ainda da falta que faz Raul Seixas.

Uma semana depois, Santa Maria e o Brasil, objetos de crônicas anteriores, continuam mergulhados nas suas crises, especialmente a da baixa autoestima, e a questão grega, a despeito da sinalização de sua gente nas urnas, padece ainda de definição que indique com clareza os caminhos do futuro.

E o cronista, à míngua de certezas, que não as velhas que, ciclicamente, se renovam, também se repete e continua lamentando a falta de pessoas que façam o país rir de si mesmo pela consciência de que nossas imperfeições – que nos humanizam e igualam – podem ser o caminho de nossa redenção como povo e nação.

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