KISS. Rapaz que morreu em julho buscou serviços de saúde para as vítimas, mas não seguiu no tratamento
Há algumas certezas e outro tanto de dúvidas. Entre as primeiras está o óbvio: o tratamento adequado às vítimas e sobreviventes da tragédia de 27 de janeiro, embora se admita o esforço dos envolvidos, não é aquele prometido logo após o incêndio que provocou a morte de 242 jovens e feriu mais de 600, muitos dos quais com sequelas. Por conta disso, entidade que representa a quase totalidade está em busca de alternativas. Uma delas é a visita a farmácias, que são convidadas a “adotar” alguém da Associação dos Familiares (AVTSM), que promove a campanha.
Entre as dúvidas, a mais recente envolve a morte de um rapaz. No caso, Uilan da Silva Vieira, 27 anos, morto mês passado, quase dois anos e meio após a tragédia. Familiares procuraram a AVTSM. E se sabe que ele buscou, sim, tratamento. Mas o abandonou. E é impossível confirmar se sua morte ainda é em decorrência da tragédia. Algo que, aliás, você leu aqui na noite desta quarta-feira.
Sobre tudo isso, um material completo está disponível na versão online (e certamente também estará na impressa, nesta sexta) do jornal A Razão. Vale conferir a reportagem, com foto de Deivid Dutra. A seguir:
“Não há confirmação de que Uilian morreu devido ao incêndio na Kiss…
… As autoridades em saúde garantem que não é possível afirmar se a morte de Uilian da Silva Vieira, ocorrida em 17 de junho deste ano foi ou não causada pela aspiração da fumaça tóxica no incêndio da Boate Kiss, já que ele possuía outra doença. Mas o fato é que o jovem de 27 anos passou pelos atendimentos oferecidos pela rede de apoio aos sobreviventes da tragédia em Santa Maria. Ou pelo menos, por parte deles.
Uilian procurou o atendimento psicossocial oferecido pela Prefeitura por meio do serviço Acolhe Saúde, que funciona na Rua Tuiuti, 1026. O seu cadastro na unidade foi feito em maio de 2014. O sobrevivente da Kiss foi acompanhado pela equipe durante um ano, mas desligou-se do serviço em maior de 2015, cerca de um mês antes de morrer na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24h. No prontuário do jovem, a causa da morte está definida apenas como “parada cardiorrespiratória”. O paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) às 14h30 do dia 17 de junho e morreu por volta das 15h30.
TRATAMENTO
De acordo com o Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidente (CIAVA), um serviço criado pelo Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) para atendimento dos pacientes da tragédia da Kiss, Uilian não chegou a realizar o tratamento médico adequado. O sobrevivente teria chegado ao hospital em um mutirão, logo após o incêndio, quando foi encaminhado para consultar com algumas especialidades. Porém, não teria retornado, de acordo com os registros no prontuário de Uilian.
ASSOCIAÇÃO
Os dirigentes da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) também revelaram que só tomaram conhecimento do caso de Uilian depois da sua morte. Isso porque nem o sobrevivente nem a sua família eram cadastrados junto à entidade.
“Estávamos no espaço de vigília, na Praça Saldanha Marinho, e uma senhora se apresentou como mãe do Uilian e nos contou sobre a sua morte. Agora, estamos buscando mais informações”, conta o presidente da AVTSM.
FAMÍLIA
Bastante abalada, a família de Uiliam da Silva Vieira prefere não falar sobre a morte. Ontem (quinta), após a notícia exclusiva de A Razão, veículos de comunicação de Santa Maria e de todo o país procuraram os familiares atrás de informação. Um parente com quem A Razão fez contato disse ter ficado sabendo que o jovem estava na Kiss no dia do sepultamento.
Associação fará campanha para doações remédios
Além da responsabilidade do poder público de fornecer os medicamentos aos sobreviventes e familiares do incêndio na Boate Kiss, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) também está tomando as suas próprias medidas. Os dirigentes da entidade já estão visitando algumas farmácias de Santa Maria em busca de doações de remédios. De acordo com o presidente da AVTSM, Sérgio Silva, a meta é que cada farmácia da cidade possa “adotar” uma pessoa vinculada à Associação.
“Já entregamos uns 20 ofícios. Na verdade, não vamos arrecadar remédios. Nós fizemos esse primeiro contato. Depois, se houver interesse da farmácia, os pacientes levarão as suas receitas médicas, de acordo com o que foi prescrito e com as necessidades de cada um. Uns precisam de medicamentos para doenças respiratórias, antibióticos, outros precisam de antidepressivos”, explica o presidente da AVTSM.
Farmácias e empresários interessados em participar da campanha de doação de medicamentos podem entrar em contato com a Associação pelo e-mail s[email protected] ou pelo telefone (55) 9216-1818.”
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O rapaz era portador de uma doença crônica na qual debilita em demasia o sistema imunológico e não aderiu ao tratamento.