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O tiro saiu pela culatra – por Luciana Manica

Jogadas de marketing são fundamentais para atrair o consumidor que ainda não experimentou seu produto ou serviço. Como será que faço para um usuário da Apple testar um Samsung? Como poderá o aficionado pela Coca-Cola provar a Pepsi? Ou um fiel consumidor da Audi comprar um veículo da marca Jeep?

Certamente não se trata de tarefa fácil. Por vezes baixar os preços não ajuda em nada. Dependendo do cliente, ele está fidelizado em qualidade (calma, não quer dizer que seu produto/serviço não seja ótimo, mas ele só conhece o concorrente), ou é paparicado como ninguém pela outra empresa ou ainda, está encantado no status que aquilo lhe oferece.

As empresas devem cuidar. “No vale tudo” para atrair a clientela, podem espantar bons potenciais consumidores. Sem querer palpitar a favor ou contra, olha o bafafá que foi a propaganda da Boticário para o dia dos namorados desse ano?!

O babado foi apresentar diferentes tipos de casais (hetero e homossexuais) ao tentar celebrar o amor. Resumo: quis agregar uma clientela que eventualmente já estava consolidada de forma explícita e acabou virando alvo de protestos e ameaça de boicote à marca nas redes sociais e até de denúncia ao Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária) por outro grupo de clientes, que considerou a propaganda “desrespeitosa à sociedade e à família”. Até no site Reclame Aqui a revolta foi parar!

Barraco na certa é vincular a marca à imagem de jogador de futebol. Não irei citar o ocorrido com Ronaldo “Fenômeno” com os travecos. Naquele episódio a Nike surtou. Outra dessas teve a Adidas com Suárez, mais leve, por sorte (rsrsrs). Ela lançou uma campanha com o jogador mostrando todos os dentes e mais um pouco (parecia que ia engolir um), e não é que foi mesmo?! O jogador foi convidado a se retirar da Copa por ter dado uma mordida em outro atleta. Por óbvio, acabou sendo motivo de piada. Resultado: a Adidas suspendeu toda e qualquer publicidade com Suárez até o fim do mundial.

Se as empresas não erram ao se vincular à imagem de pessoa que pode abalar a empresa, por vezes pecam por querer detonar o concorrente, sem se dar conta que atingem os consumidores fiéis (do oponente). Este foi o exemplo da Samsung ao querer tirar sarro das pessoas desastradas com fios e a dificuldade de carregar celulares. A Samsung quis exibir seu sistema de carga wireless. Assim agindo não só cutucou a Apple, como também zoou com os consumidores do Iphone. Errou ao insultar a clientela alheia que, em verdade, era para ser conquistada.

A bambambã da Coca-Cola também já entrou pelo cano quando lançou a New Coke (em 1985, com um sabor parecido com a da concorrente). Será que ela queria atingir a clientela alheia, aproximando-se do sabor da Pepsi?! Foi um desastre!! Em 3 meses a Coca teve que relançar seu antigo produto com o nome Classic Coke. Se a Coca-Cola já errou, o que resta para nós? Aprender, como diria Bill Gates: “Seus clientes mais insatisfeitos são sua melhor fonte de aprendizado”.

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