Duas empresas, a CBC e a Taurus, monopolizam o mercado de armas no Brasil. E elas são também “donas” de uma bancada na Câmara dos Deputados. Não é força de expressão. As indústrias “elegeram” (ou, na pior das hipóteses, fizeram suplentes) 21 deputados em todo o Brasil. E nem se está falando dos estaduais, só no âmbito nacional.
Obviamente, esse grupo defende, antes de qualquer coisa, seus financiadores – sempre sob o alegado discurso de que sua procuração é para os pobres, desnutridos e blábláblá e blábláblá. Tem gaúchos nessa bancada. Dois, pelo menos, sem falar num suplente. Originalmente, eles representam o DEM (Onyx Lorenzoni) e o PDT (Pompeo de Mattos). Na prática, porém, estão sempre dispostos a defender e aprovar projetos em favor da indústria armamentista. Se dependesse dela, cada um dos 200 milhões de brasileiros teria uma arma em casa e porte para usar. Afinal, para que serve um trabuco?
Ah, sobre a “Bancada da Bala”, há um interessante material produzido pelo portal especializado Congresso em Foco. Vale conferir a reportagem assinada por Fábio Góis, com foto de Reprodução.
![Uma dessas para cada brasileiro. É o que desejariam as duas empresas monopolistas do setor](https://img.claudemirpereira.com.br/2015/08/bancada-da-bala.jpg)
“Indústria da bala doa quase R$ 2 milhões em 2014…
… Dados atualizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que as doações da indústria armamentista nas eleições gerais de 2014 chegaram a R$ 1,91 milhão, com valores distribuídos a 21 candidatos ao cargo de deputado federal, 12 ao cargo de deputado estadual, dois pleiteantes ao posto de governador e um aspirante a senador. Todos os candidatos à Câmara financiados pelo setor foram eleitos ou ao menos conseguiram vaga de suplente. As informações constam de levantamento do Instituto Sou da Paz, organização não governamental (ONG) de combate à violência, e foram repassadas com exclusividade ao Congresso em Foco.
Quem mais recebeu doações do setor foi o deputado estadual paranaense Pedro Deboni Lupion Mello (DEM), que recebeu R$ 149,8 mil das duas empresas (R$ 74,9 mil de cada). O segundo maior beneficiário foi o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que recebeu R$ 130 mil, mas apenas da CBC. Declaradamente favorável à flexibilização do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), Faria de Sá compõe uma comissão instalada na Câmara justamente para apreciar o Projeto de Lei 3722/2012, que promove mudanças na legislação citada.
O parlamentar é um dos que foram financiados pela indústria da bala com o intuito de promover a elaboração e a aprovação de proposições que interessam ao setor, como o próprio PL 3722 – em resumo, o texto permite a posse de armas em casa, no local de trabalho (se for dono do estabelecimento) ou em propriedades rurais, aumentando o número de armas e munições por cidadão. Entre os pontos polêmicos da proposta está o que garante ao cidadão, sob certas condições, o direito de adquirir e portar na rua até nove armas de fogo. O texto também aumenta o número de munição para portadores de armamento: de 50 balas por ano para 50 balas por mês.
As campanhas foram custeadas por apenas duas das maiores empresas de armas e munições do país: a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Forjas Taurus S.A., que detêm o monopólio do setor. Segundo o levantamento do Sou da Paz, apenas a CBC repassou R$ 1,04 milhão, enquanto a Taurus desembolsou R$ 870 mil no pleito de 2014. Do valor total repassado, R$ 1,019 milhão foi reservado a candidatos a uma cadeira na Câmara.
No ano passado, 84% dos deputados federais e estaduais financiados pela chamada “indústria da bala” foram eleitos. Dos 36 pleiteantes a cargo eletivo, apenas três não conseguiram se eleger: o ex-deputado Vieira da Cunha (PDT), que disputou a vaga de governador do Rio Grande do Sul; Paulo Skaf (PMDB), que tentou o mesmo cargo em São Paulo; e Moreira Mendes (PSD), que disputa uma vaga no Senado. Eles receberam, respectivamente, R$ 40 mil, R$ 100 mil e R$ 50 mil…”
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As duas empresas têm direito de defender seus interesses. Afinal, empregam muita gente. Claro que as Pollyannas de plantão acreditam num futuro sem guerras e sem violência. Daí a desqualificação "bancada da bala". Infantil, como se alguém perdesse o sono com isto.
Solução para isto? É só fazer a segurança pública funcionar. Não prometer que no futuro brilhante que nos aguarda não serão necessárias armas. Para chegar lá é necessário estar vivo.