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A dinâmica dos poderes: quando a fraqueza de um governo redefine o equilíbrio institucional – por Marionaldo Ferreira

Qual é a situação nos níveis federal, estadual e municipal, avalia o articulista

Os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – formam a espinha dorsal da democracia, garantindo a harmonia e o funcionamento saudável do Estado. Contudo, quando um desses pilares enfraquece, os outros tendem a ocupar o espaço deixado, redefinindo as dinâmicas de poder e alterando a balança institucional.

No cenário federal, o governo atual parece estar perdendo essa aposta. A incapacidade de articular políticas eficazes e de manter uma liderança sólida abre brechas para que o Congresso e o Judiciário assumam papéis mais decisivos, muitas vezes interferindo diretamente na condução do país. O protagonismo do STF em temas sensíveis e a crescente influência do parlamento evidenciam esse vácuo de poder.

No Rio Grande do Sul, a situação é diferente. O governo estadual, mesmo enfrentando desafios complexos, consegue manter uma gestão que evita desgastes excessivos e, com isso, impede que outros poderes invadam suas atribuições. A habilidade de transitar entre crises e buscar soluções mantém o equilíbrio institucional e impede que o Legislativo estadual ou o Judiciário cresçam além do necessário.

Em Santa Maria, no entanto, a fraqueza da administração municipal é palpável. A falta de liderança e de projetos consistentes para a cidade cria um ambiente fértil para que os vereadores assumam protagonismo. Isso, por um lado, revela a força do Legislativo local, mas, por outro, escancara a ausência de um Executivo que de fato governe. A ocupação desse espaço pelo parlamento municipal não é um sinal de equilíbrio, mas sim de um descompasso que trava o desenvolvimento e gera uma pulverização de poder sem foco estratégico.

Essa dinâmica deixa clara uma lição: quando o Executivo é fraco, o Legislativo cresce e o Judiciário se expande. A ocupação de espaços é inevitável na política, e os governos que não compreendem essa lógica tendem a perder relevância e controle. Fortalecer o Executivo, sem desrespeitar os outros poderes, é essencial para garantir uma gestão coesa e orientada para o futuro.

Santa Maria precisa urgentemente de um governo municipal que assuma seu papel com responsabilidade e visão, evitando que a cidade se torne refém de disputas fragmentadas e de um Legislativo que, mesmo atuante, não tem a prerrogativa de conduzir o destino do município.

O equilíbrio dos poderes é uma dança delicada, e quem perde o ritmo, inevitavelmente, perde o compasso da governança.

(*) Marionaldo Ferreira é servidor aposentado da UFSM. Tecnólogo em Processos Gerenciais, Especialista em Administração e Marketing, Psicanalista em formação e tem, também, MBA em Gestão de Projetos. Seus textos são publicados nas madrugadas de segunda-feira.

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7 Comentários

  1. O equilíbrio dos poderes é o que faz a dinâmica funcionar. É ruim quando o executivo perde o protagonismo, geralmente, por estar perdido e, muitas vezes, são eleitos sem projeto de governo e, pior, loteam os cargos sem pessoas qualificadas para as funções. Coisas do nosso Brasil…

  2. Resumo da opera. Politicos não enfrentam os problemas reais. Ficam inventando problemas para desviar atenção, se metendo em coisas que deveriam ficar na mão da iniciativa privada. Emergencias do SUS andaram lotadas em POA no final de semana. Há quanto tempo isto ocorre?

  3. Executivo municipal empurra a cidade com a barriga. Desde o segundo mandato Schirmer. No governicho Possochato de-lhe fazer anuncio e tirar foto. O atual não é muito diferente.

  4. Camara de Vereadores de Santa Maria faz pouquissima coisa além de muito barulho. Não tem muitas atribuições legais. Alem disto, o Elefante Branco não fica pronto nunca. Foram se meter a fazer o que não sabiam e deu no que deu.

  5. Nivel estadual não tem muito susto. Assembleia Legislativa é uma super Camara de Vereadores. Além do orçamento fazem muito pouca coisa de util. Emendas e reuniões tosa de porco. Vide Tonho Aideti.

  6. Molusco com L., abstemio, honesto e famigerado dirigente petista resolveu implantar as medidas economicas que derrubaram Dilma, a humilde e capaz. Deu no que deu. Além disto é completamente anacronico.

  7. Governo Rato Rouco foi eleito para evitar que o Governo Cavalão se reelegesse. Pedra cantada antes da eleição. Tentaram até aplicar um migué e atraves de propaganda e imprensa ‘cumpanhera’ fazer parecer que era uma ‘coalizão’ que tinha sido eleita para implantar um programa de governo.

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