Vez em quando é preciso conferir o que dizem outros, não necessariamente ligados à mídia tradicional brasileira. No mínimo para se oxigenar diante do verdadeiro tiroteio, não exatamente “descompromissado” dos grandes grupos e dos jornalistas que o representam.
Mas, ok, você não precisa concordar. Em todo caso, vale muito a pena (e este editor tem lá também suas discordâncias, nos detalhes) conferir o que publica a versão local online do jornal espanhol El País, acerca dos últimos fatos políticos do Brasil. A reportagem é de Carla Jimenez, com foto de Reprodução:
![Representantes privados tomam dianteira para retomar o controle da crise: alívio para Dilma](https://img.claudemirpereira.com.br/2015/08/dilma1.jpg)
“Dilma tem dias de trégua com apoio de empresários…
…A adrenalina dos recentes protestos pelo impeachment da presidenta foi dando lugar a uma curiosa serenidade nos dias que se seguiram ao domingo, 16. Pelo menos no centro do poder. Depois de várias humilhações públicas que culminaram com as manifestações, Dilma teve dias menos ácidos. Uma vitória para o ajuste fiscal, com a aprovação no Senado de um projeto que aumenta a tributação das empresas, na quarta-feira passada. No dia seguinte, a visita da chanceler alemã, Angela Merkel, para ampliar negócios entre os dois países, e 50.000 pessoas na rua em protestos contra o impeachment nesse mesmo dia. Muito menos que os 800.000 do domingo passado, em todo caso, mas um fôlego no deserto da baixa popularidade.
Para completar o quadro, uma denúncia contundente no Supremo contra o grande inimigo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acusado de fazer chantagens para obter subornos milionários de empreiteiros da Petrobras.
Neste domingo, o presidente do Itaú-Unibanco, Roberto Setúbal, disse em entrevista à Folha de São Paulo que seria “um artificialismo” tirar a presidenta neste momento. “Não se pode tirar um presidente do cargo porque ele momentaneamente está impopular”, afirma Setúbal, que diz não ver nenhuma condição para um impeachment neste momento.
A mudança repentina no clima se deve a um pacto silencioso entre atores econômicos e políticos para frear o que parecia um turbilhão sem fim, que chegou ao auge dez dias antes de os gritos anti-Dilma invadirem as ruas. Em 6 de agosto, a Câmara, insuflada por Cunha, instaurou a Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a entidade pública que concedeu crédito a quase todas as principais empresas brasileiras…”
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Para o pessoal chapa-branca, quando aperta o sapato, até opinião de "banqueiro que ganha dinheiro demais" serve. Mesmo que diga o óbvio. Mesmo que repita o que foi escrito no editorial do New York Times uma semana antes. Só rindo.
Só que os problemas ainda estão por aí. Rombo de quase 80 bilhões no sistema elétrico. Quase 90 bilhões gastos tentando segurar o câmbio. A lista é grande. Para a mídia "não-tradicional" os problemas não existem se não forem mencionados.