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Beco do Buraco Quente – por Liliana de Oliveira

Na manhã do dia 3 de setembro, no Morro Santa Tereza, dois ônibus e uma lotação foram queimados. Os incêndios ocorreram após a morte de um jovem da comunidade por policiais militares. A população revoltada manifestou seu descontentamento apedrejando os brigadianos, incendiando ônibus, montando barricadas de fogo no local.

Segundo a polícia, uma viatura da Brigada Militar entrou na Rua Dona Maria por volta das 7h e abordou um homem armado. Ronaldo de Lima, 18 anos, teria reagido e foi morto a tiro por um soldado da BM, que não se feriu na ocorrência.

Moradores do Beco do Buraco Quente contrariam a versão da polícia. Afirmam que Ronaldo de Lima não tinha antecedentes criminais, não tinha passagem pela polícia, não reagiu e foi morto com uma bala pelas costas.

O presidente da Associação dos Moradores deu uma entrevista no dia seguinte à Rádio Gaúcha confirmando a versão dos moradores e pedindo que a polícia militar os respeite. São moradores, são trabalhadores, que cotidianamente são desrespeitados na sua dignidade humana.

Poderíamos pensar que se o jovem fugiu da polícia é porque devia estar comprometido com algo ilícito. Entretanto, quem mora na comunidade sabe que quando o Estado se apresenta na condição de polícia, geralmente o que nos resta é fugir.

Poderíamos pensar que se o jovem tem passagem pela polícia (moradores dizem que não), então a polícia teria feito o certo eliminando mais um “bandido”. Entretanto, esquecemos que a maioria dos moradores do Beco do Buraco Quente são trabalhadores honestos que são tratados como bandidos.

Poderíamos pensar que atear fogo contra o ônibus (que é patrimônio público) é uma afronta a todos nós. Entretanto, atear fogo contra uma vida parece não nos afrontar. Se não fossem os ônibus queimados e o caos que se instalou em função da revolta da comunidade, nós jamais saberíamos o que ocorreu naquele lugar. Se não fossem os ônibus queimados, os demais ônibus iriam circular normalmente. Se não fossem os ônibus queimados, a RBS não iria registrar a imagem dos moradores da comunidade gritando e denunciando os desmandos da polícia. Se for preciso queimar para denunciar, rogo para que o Beco do Buraco Quente fique mais quente!

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/09/moradores-de-bairro-onde-jovem-foi-morto-acusam-pms-de-extorsao.html

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