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KISS. Na tribuna do Senado, Lasier chama atenção para a tragédia “que se tornou o signo de vergonha”

Lasier: “passados quase três anos, pais, irmãos, amigos, sobreviventes temem que as punições venham a ser brandas demais ou, pior, nada acontecerá ou tampouco alguém será punido por 242 mortes
Lasier: “passados quase três anos, pais, irmãos, amigos… temem que as punições venham a ser brandas demais ou, pior, … tampouco alguém será punido por 242 mortes”

Representantes dos familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia da Kiss passaram um punhado de dias da semana passada em audiências com autoridades nacionais, em Brasília. Na Câmara dos Deputados e no Senado, participaram de audiências e tiveram reuniões as mais variadas. Objetivo: afora obter a necessária atenção aos sobreviventes que ainda sofrem sequelas e não têm o adequado atendimento, também reclamar da situação em que estão os processos que tratam do evento.

Entre os que atenderam aos familiares esteve o senador Lasier Martins. Que, a propósito da tragédia (que cobriu como jornalista, em janeiro de 2013), fez um discurso na tribuna do Senado. Foi aparteado por Paulo Paim, que também cuida do assunto, naquela casa do Parlamento. A seguir, e a propósito, você confere trecho da fala de Martins, com um linque para a íntegra, lá embaixo. A foto é de Jefferson Rudy, da Agência Senado. Acompanhe:

“…Parte considerável daquelas vítimas – 242 vítimas fatais – morreu em decorrência da asfixia causada pela fumaça que tomou conta do ambiente. Outros foram pisoteados. Muitos, na busca de uma saída de emergência que não existia, acabaram por se refugiar nos banheiros, o que se revelou uma armadilha fatal.

Além disso, a boate estava superlotada, com mais de 1.300 pessoas, onde caberiam, oficialmente, apenas 691.

Para complicar, não havia portas além da entrada principal e os seguranças da boate demoraram a perceber o que acontecia e, por consequência, a liberar a saída das pessoas. 

Sei bem de tudo aquilo de ciência própria, porque cobria aquele acontecimento como jornalista e tenho sido constantemente procurado por familiares, inconformados com as demoras da Justiça.

A história, como se sabe, não se encerrou ali. Na verdade, além dos falecidos, houve mais de 600 feridos, alguns com sequelas para o resto da vida. E houve também o pesar de pais que perderam os filhos, irmãos que perderam irmãos, amigos que perderam amigos.

E o mais exasperante é que Boate Kiss se tornou também emblema de indignação. Boate Kiss se tornou símbolo de um país em que as coisas não funcionam direito, em que o Estado é negligente com os seus cidadãos e é incapaz de averiguar com presteza se um estabelecimento comercial está apto ou não a funcionar. Boate Kiss se transformou em sinônimo de risco, de perigo em razão da precariedade, da imprevidência, da negligência.

Boate Kiss se tornou signo também de vergonha, porque, passados quase três anos, pais, irmãos, amigos, sobreviventes temem que as punições venham a ser brandas demais ou, pior ainda, nada acontecerá ou que tampouco alguém será punido por 242 mortes…

 “…justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta. São palavras, bem sabidas, de Rui Barbosa, o patrono desta Casa, em sua célebre Oração aos Moços.

E é o que também diz o Sérgio Moro, presentemente, responsável pela Operação Lava Jato. Tem dito ele: “A Justiça, quando tarda muito, não é uma Justiça completa”. E é essa a sensação. 

Aqui me junto aos familiares e amigos das vítimas de Santa Maria. A demora na prestação da Justiça nos deixa não apenas tristes, mas com a amarga sensação de que aqueles jovens foram imolados em sofrimento indizível, enquanto os culpados, seja por negligência, descaso ou má fé, incúria, ou por qualquer outra razão, escapam de uma justiça que é fraca, que presta pouca atenção aos que necessitam de socorro.

Mais ainda. A Justiça precisa atuar com agilidade, explicar com clareza, principalmente para o público leigo, o rumo dos processos judiciais. Tem havido muito segredo, muito sigilo, muita falta de informação com o processo de Santa Maria. E aí muito da angústia dos pais poderia ser mitigada, se alguns dos encaminhamentos fossem mais bem explicados, se fossem comunicados com mais cuidado e clareza, inclusive em relação às discrepâncias entre o inquérito policial e os indiciamentos judiciais. Por tudo isso, existe muita revolta, muita decepção, não só em Santa Maria, mas em todo o Estado do Rio Grande do Sul e – por que não? – no Brasil.

Há temor que aconteça uma relação da boate Kiss com o que aconteceu há tantos anos com outros casos, no País. Um exemplo tem sido o naufrágio do Barco Bateau Mouche, em 31 de dezembro de 1988…

PARA LER A ÍNTEGRA DA MANIFESTAÇÃO DE LASIER MARTINS, CLIQUE AQUI.

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Um Comentário

  1. Ué !!!! apareceu finalmente o SR. RBS, o Senador dos Gaúchos, o homem que ia mudar a filosofia do Político de carreira. Até pensei que tinha tomado outro "choque" !!!!!

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