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Nuvem de Maiakovski – por Márcio Grings

marcio

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Eu sou um iceberg gigantesco se tornando pequeno num mar aberto. Tu és uma lépida gota dourada invadindo o oceano profundo como um sorriso pronto pra virar riso. Eu sou um gigante com imensas mãos, dedos ineficientes em segurar as minúcias com a firmeza necessária. Tu és especialista em descobrir ângulos interessantes nos meus becos sem saída. Eu sou uma tempestade elétrica irradiando lumes tortos & tremeluzentes. Tu és um raio de sol clareando as frestas escuras, sem pressa – invejável retidão em encontrar nossas lonjuras.

Meus cinzéis mal amolados são improdutivos em aparar arestas embrutecidas. Teus estiletes rasgam os céus assombrando curvaturas redesenhadas através de lâminas tão precisas. Minha memória afetiva atravanca uma nova marcha nupcial rumo ao futuro dos nossos dias. Tua leitura dos fatos progride a passos largos até o centro de um lago translúcido. Meus estropícios & enovelamentos obscurecem a virgindade dos papéis em branco. Teus rabiscos irrefletidos não se utilizam de esquadros & retidões pré-programadas. Minhas erudições não elucidam, desentortam ou desfragmentam esses estranhos cadafalsos que cegam os tolos & suas pífias reações.

Eu sou uma dissertação rascunhada a próprio punho com um lápis mal apontado. Tu és um poema em comunhão com os diapasões da musicalidade. Eu tenho diversos motivos pra acreditar que a astrologia védica nunca poderá ser contestada. Em consonância com os deuses, tu és o vento que tremula as bandeiras tibetanas da oração. Eu sou um carro desgovernado, a duzentos por hora, passando reto em curvas sinuosas. Tu és um moinho d’agua sincopado por um riacho abandonado no meio do nada. Eu sou a sombra que rasga a sacada em busca da peça desencaixada do quebra-cabeça. Tu és a rede de renda nordestina hermeticamente ajustada para encaixar nossos corpos.

Cheio de riscos & chiados, eu sou um disco de vinil da década de 1970 – pronto para apresentar profundidades de algodão. Tu és um filme em HD disposto a revelar cores, sons & diversas maravilhas do mundo moderno. Eu sou uma garrafa de borboun envelhecida por lábios inconfiáveis. Tu és um vinho casto extraído dos vinhedos de Montepulciano. Eu sou a província disposta a fincar costado no quintal de casa. Tu és um mundo de possibilidades prestes a botar o pé na estrada. Eu sou a bala perdida atingindo o coração de um sonho bom. Tu és a pomba branca a fazer ninho em um naco de nuvem de Maiakovski.

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