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DEMOCRACIA. Sem chance de intervenção militar. Exército, por seu comandante, cumpre a Constituição

“Quando me perguntam o que os militares vão fazer, digo: está escrito no artigo 142 da Constituição”
“Quando me perguntam o que os militares vão fazer, digo: está escrito na Constituição”

Para quem delira, e até bate panela ou faz alaúsa nas redes sociais ou mesmo nas ruas, pedindo a volta dos militares ao poder (e quem viveu a época ou estudou um pouco de história sabe bem o que isso significaria), um pouco de lucidez chega pelas palavras do próprio comandante do Exército, o cruz-altense de 63 anos, general Eduardo Villas Bôas.

Liderando um efetivo de mais de 200 mil homens ele diz o óbvio, em material disponível na versão online do jornal Zero Hora: cabe ao Exército (e às Forças Armadas em geral) o óbvio. O quê? Ora, cumprir a Constituição. Vale conferir a reportagem assinada por Guilherme Mazui. A foto é de Reprodução. A seguir:

Eduardo Dias da Costa Villas Bôas: “Não há possibilidade de intervenção militar”

Ao escolher o general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas para comandar o Exército, a presidente Dilma Rousseff optou por um militar de perfil conciliador e de posições firmes. VB, como lhe chamam os amigos, é franco ao dizer que o Brasil “não se deu conta” da relevância da Amazônia, tampouco esconde preocupações com os cortes de orçamento que ameaçam projetos estratégicos das Forças Armadas. E assegura que não há chance de intervenção militar.

Natural de Cruz Alta, casado, três filhos e três netos, aos 63 anos Villas Bôas lidera um efetivo de mais de 200 mil homens. Desde fevereiro, exerce a principal função de uma carreira eclética, que se iniciou em 1967. Com origem na arma de Infantaria, foi instrutor, adido militar na China, chefe da assessoria parlamentar do Exército e Comandante Militar da Amazônia. Em 2014, respondia pelo Comando de Operações Terrestres, com atuação na estratégia de defesa da Copa do Mundo. 

Na última terça-feira, oito meses depois de assumir o Comando do Exército, Villas Bôas recebeu ZH para uma conversa em seu gabinete, em Brasília. Chimarrão à mão, falou sobre Comissão Nacional da Verdade, mudanças no Ministério da Defesa e a crise política que o país vive.

Qual o futuro do Exército?

O Brasil tem uma problemática de defesa complexa. Em pleno século 21, metade do território não está integrada ao desenvolvimento, com espaços vazios onde as Forças Armadas são a única presença do Estado, única alternativa de atendimento básico da população. Atuamos com a estratégia da presença. Por outro lado, o Brasil é uma das maiores economias do mundo, pleiteia assento no Conselho de Segurança da ONU (cinco países – China, França, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido – têm cadeira permanente no colegiado voltado à resolução de conflitos, com direito a veto) e precisa de capacidade de projetar poder e influência. O país precisa de Forças Armadas com alto conteúdo tecnológico. Ao mesmo tempo em que temos de ser um Exército moderno, temos de ser um Exército de colonização.

Para ser moderno é preciso investimento. Os cortes de orçamento afetaram projetos estratégicos, como o Guarani (compra de blindados) e o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras)?

Os projetos estratégicos foram afetados com cortes de 40%. Nenhum foi cancelado, mas o ritmo foi alongado. Se imaginou que seria um soluço, mas hoje se sabe que o ano que vem será difícil, talvez 2017 também. No caso do Guarani, a empresa se preparou para produzir cem blindados por ano, mas se reestruturou para fazer 60. Se a gente não conseguir manter isso, perderemos recursos humanos. A tecnologia não fica em prateleira.

O Sisfron é um sistema para melhorar o controle da fronteira (era previsto investir R$ 12 bilhões em 10 anos). Sua implementação será alongada?

Estima-se que 80% da criminalidade urbana seja ligada ao tráfico de drogas. Pagamos o preço que nenhuma guerra cobra. Morrem por ano 54 mil pessoas assassinadas no Brasil, cem mulheres são estupradas por dia. É impressionante. Para mudar o quadro, é fundamental melhorar o controle da fronteira, que tem quase 17 mil quilômetros. Fisicamente, é impossível vigiar a fronteira, é preciso muita tecnologia aplicada. E o Sisfron foi a resposta para isso.

Mas quando o sistema de monitoramento estará pronto?

A previsão inicial era implementar em 10 anos, a partir de 2012. No ritmo que vinha, a conclusão seria em 2035, mas, com o ritmo de orçamento desse ano, vai para 2060. O Sisfron é resposta para muitos problemas que as autoridades precisam dar solução. De todos os projetos estratégicos, é o mais necessário para sociedade.

O período do país é conturbado por causa de uma crise política, algumas pessoas pedem intervenção militar constitucional. Isso existe?

Até queria saber como se faz uma intervenção militar constitucional. Isso não existe. Não interpreto isso como desejo de volta do governo militar, mas como a volta dos valores que as instituições militares representam. A sociedade perdeu disciplina social, senso de autoridade. O professor deve entrar na sala investido de autoridade, mas isso não é reconhecido, por exemplo. Ainda pesa uma imposição do politicamente correto.

Um novo golpe não está em gestação?

No aspecto legal, não há possibilidade de intervenção militar, golpe, nada disso. Quando me perguntam o que os militares vão fazer, digo: está escrito no artigo 142 da Constituição. Pautamos a postura do Exército para contribuir na estabilidade. Nossa crise é de caráter econômico, político e ético, mas as instituições funcionam, vamos sair da crise. Pautamos também a legalidade, todo e qualquer emprego do Exército tem de estar respaldado na legislação, e a legitimidade. Por fim, exigimos coesão, o Exército como um bloco monolítico. Não podemos permitir qualquer tipo de fissura na estrutura e no pessoal da ativa ou reserva…”

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Um Comentário

  1. Meia dúzia de gatos pingados falam na volta dos militares ao poder. Para alegria de alguns que os usam para desqualificar toda a oposição.
    Nem os militares querem pegar a bucha, simples.
    O que se aproveita? "Polo de Defesa" de Santa Maria é muito grito e pouca lã. Apostar o desenvolvimento da urbs no tal projeto é pouco recomendável.

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