KISS. Sobrevivente dá luz a gêmeos. Celebração da vida tem os nomes de Pablo e Sara, filhos de Michele

É, provavelmente, a mais bela das histórias contadas hoje em Santa Maria. E ela chega através dos gêmeos nascidos de Michele Pereira dos Santos, uma das 600 sobreviventes da tragédia que matou 242 jovens, faz pouco mais de mil dias. Vale conferir, com certeza, a reportagem de Raul Pujol, publicada no jornal A Razão. A foto é de Gabriel Haesbaert. Acompanhe:

“Sobrevivente da Kiss dá à luz a gêmeos…

… Era dia 27 de janeiro de 2013, madrugada de domingo. Michele Pereira dos Santos, na época com 35 anos, era aluna de um curso técnico em radiologia. Sua colega e amiga, Leandra Fernandes Toniolo, havia convidado Michele para ir à boate Kiss, no Centro de Santa Maria.

O que era para ser uma festa virou uma tragédia que matou 242 pessoas, entre elas, Leandra, deixando mais de 600 pessoas feridas. Mais de mil dias depois da tragédia, a sobrevivente Michele, hoje com 37 anos, chorou novamente na segunda-feira. Mas as lágrimas eram de alegria e pura emoção. Ela deu à luz ao casal de gêmeos: Pablo (1 quilo e 800 gramas) e Sarah (2 quilos e 300 gramas).

O parto feito por cesárea, realizado no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), iniciou às 22h26 e terminou às 22h29. Os bebês nasceram prematuros de 8 meses (34 semanas). Eles ficarão por mais alguns dias na UTI Neonatal do HUSM até adquirirem um pouco mais de peso.

“O nascimento dos meus filhos significa que havia algo de muito bom reservado na minha vida. É uma forma de renovação. É um sinal de que não era a hora de ter partido naquela madrugada”, afirma Michele. No dia 24 de outubro de 2015 completou-se 1.000 dias da tragédia.

O pai dos bebês, Lucas Dickel, 25 anos, que é músico, não esconde sua felicidade, após inúmeras tentativas. “O nascimento deles representa uma benção na minha vida. Faz tempo que estávamos tentando, chegava até chorar quando dava resultado negativo. No fim, vieram dois de uma vez. Estou muito feliz, louco para encher eles de amor e carinho”.

Alegria que vira música

O papai Lucas, músico da noite santa-mariense, aproveitou a inspiração do nascimento do casal de gêmeos e está compondo uma canção para os filhos. Antes, Dickel já havia feito uma música para sua esposa Michele.

“A letra vai vir fácil, não tem melhor inspiração do que o nascimento dos nossos filhos”, afirma.

“Foi muito difícil sair”

Michele relembrou os momentos vividos na madrugada do dia 27 de janeiro. Ela e Leandra tinham chegado ao estabelecimento por volta da 23h. Ela estava do lado de um dos bares da boate e foi uma das primeiras a sair da casa noturna. “Foi muito difícil sair, na hora que consegui ir para a rua, logo faltou luz dentro da boate”.

Já a amiga Leandra não teve a mesma sorte. “Infelizmente, ela estava no banheiro que tudo aconteceu e não deu tempo de sair”, lembra Michele. Na madrugada do dia 27 de janeiro, depois que conseguiu sair da boate, Michele ficou um bom tempo na frente da Kiss, na expectativa pela saída da amiga. Porém, esse momento não aconteceu.

Fisicamente, a mãe dos gêmeos Pablo e Sarah não teve nenhuma sequela. Mas, depois da tragédia, precisou de acompanhamento fisioterapêutico e psicológico, além de remédios para controlar a ansiedade.”

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