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BALANÇO. Pimenta, após 13 anos como deputado federal, “ultrapassa” Estado e vira liderança nacional

“Movimentos são reféns da desinformação e da seletividade da mídia - que planta esse ódio ao governo do PT - e protagonizam cenas absurdas como bater continência para o boneco de um general”
“Movimentos reféns da desinformação e seletividade da mídia – que planta ódio ao governo do PT – protagonizam cenas absurdas como bater continência para boneco de um general”

Há 13 anos como deputado federal, depois de ter sido deputado estadual, vereador e vice-prefeito em Santa Maria, o petista Paulo Pimenta deixou de ser apenas, no caso local e regional, uma referência na busca de recursos para as comunas ou, mesmo, o representante politico daqui em Brasília. Isso continua acontecendo é é importante, vide obras como a Travessia Urbana, mas, definitivamente, o parlamentar assumiu um outro andar na política nacional.

Já foi do comando da Comissão de Orçamento e teve outras funções de liderança, no e em nome do PT. Mas particularmente em 2015, ostenta um novo status na política nacional. Muito por ter assumido a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que o colocou no embate direto por temas que atingem diretamente a cidadania e ganham imediata repercussão. Como foi o caso em que acabou sendo agredido por policiais militares do Distrito Federal – e que levou a um pedido de desculpas do próprio governador Rodrigo Rollemberg.

Também se notabilizou, particularmente neste 2015, como contraponto aos discursos de ódio protagonizado, normalmente, pelas chamadas bancadas “da bíblia, do boi e da bala”, na Câmara dos Deputados, além do combate ao presidente da Casa, Eduardo Cunha, cujo afastamento foi pedido pela Procuradoria Geral da República.

Bueno, o fato é que Pimenta ultrapassou a fronteira gaúcha e se tornou liderança nacional. O que, por si só, justifica a entrevista exclusiva que ele concede a este sítio, fazendo um balance de 2015 e com temas bastante específicos e que, creia, vale a pena conferir. Ah, as fotos são do arquivo do sítio e da Agência Câmara de Notícias. Acompanhe:

Em 18 de novembro, na defesa, como presidente da Comissão de Direitos Humanos, de uma manifestação de mulheres negras em Brasília, da foi atingido por spray de pimenta
Em 18 de novembro, na defesa, como presidente da Comissão de Direitos Humanos, de uma manifestação de mulheres negras em Brasília, da foi atingido por spray de pimenta

Sua trajetória se inicia no movimento estudantil, em Santa Maria, no início dos anos 1980. Durante a campanha das Diretas levou um tiro e ficou hospitalizado por meses. Como é, em pleno 2015, ver movimentos que pedem a volta da ditadura militar?

Esses grupos que defendem a volta da ditadura militar fazem isso não por que esse tenha sido um período marcado por ações positivas, pelo contrário, foi uma época desastrosa para o país, de aumento de concentração de renda, de violações, opressão e barbáries. Mas o motivo de pedirem a intervenção militar é por que sabem que no voto popular, dentro das regras democráticas, eles não têm nenhuma perspectiva de voltar a governar o país. Por isso, eles não têm vergonha de defender uma virada de mesa, um golpe. Protagonizam cenas absurdas, como fizeram recentemente em atos golpistas em Brasília, quando bateram continência para um boneco de um general. São reféns da desinformação e da seletividade da mídia que planta esse ódio contra o governo do PT, por suas realizações nos últimos anos. Com relação a essa onda de intolerância que o país tem vivido, sabemos que sempre que há um momento de instabilidade econômica, esses grupos se aproveitam dessa situação para vender uma pauta de retrocessos à sociedade, especialmente de ataques aos Direitos Humanos. E quando esse discurso é produzido no parlamento ele vai legitimar as ações de ódio e intolerância na sociedade, nas ruas.  As ações afirmativas para corrigir as desigualdades históricas e fazer justiça em nosso país ainda incomodam parcelas que historicamente sempre foram privilegiadas. Negros na universidade, casais gays, ou famílias de baixa renda circulando pelos aeroportos começam a fazer parte da realidade social e as resistências a essa nova ordem surgem de diversas formas. Mas estamos apenas no começo, por isso nesse momento é fundamental resistirmos a esses ataques e garantirmos junto à sociedade brasileira que não se volte a uma época de segregação social.

O senhor se filiou ao PT em 1985, e foi um dos coordenadores no RS da campanha do Lula em 1989. Apesar dos altos e baixos do PT, nunca cogitou sair da sigla. O PT terá forças para chegar a 2018? O ex-Presidente Lula ainda será nome viável?

Certamente. Veja que no período recente o PT aumentou o número de filiados, mesmo com toda má vontade, manipulação e seletividade da mídia. Em 2005, esse mesmo discurso era utilizado, de que o PT não se reconstruiria para as eleições de 2006, e que o Lula não teria condições de ser reeleito. O Lula é uma das maiores lideranças políticas mundias, por toda sua trajetória e por tudo que seus governos realizaram. As políticas públicas de combate à fome, acesso à educação e tantas outras que foram implantadas no governo Lula são hoje modelos para vários países do mundo. Por outro lado, os nomes que a oposição dispõe, embora tenham o apoio do mercado financeiro e da mídia, não inspiram confiança nem detém a credibilidade necessária junto ao povo brasileiro.

O senhor está no quarto mandato de deputado federal e é um dos parlamentares mais experientes (e mais votado, no RS) da bancada do PT. Como avalia o comportamento da Câmara nesse momento que vive o país?

Foi baixa a qualidade daquilo que se produziu em 2015 na Câmara. A pauta não esteve conectada com as ruas, com os grandes interesses nacionais. A aliança que levou o Eduardo Cunha à presidência obrigou-o a colocar em discussão temas comportamentais e que se prestam à demagogia com a população, que dialogam com o senso comum a partir de uma série de informações inverídicas. Os grandes temas de interesse nacional ficaram em um segundo plano, infelizmente. Por sua vez, a oposição ultrapassou todos os limites do bom embate político, ao tentar de todas as formas paralisar o Brasil, aterrorizando justamente aquela geração de famílias que, pela primeira vez, experimentou um período de ascensão. Nesse vale-tudo da oposição, ela se aliou ao Eduardo Cunha, e depois abandonou-o. Ela não tem coerência, e isso está cada vez mais claro para a população. O oportunismo político e a conveniência de ocasião têm sido a regra que une quem é contra o nosso governo. A única proposta que a oposição apresentou para o país desde que perdeu as eleições foi a de paralisar o Brasil. Sem projeto, o que se conhece dessa oposição que está aí é a experiência neoliberal que gerou desemprego e quebrou o país nos anos 1990.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que o senhor preside, é composta por maioria conservadora, com membros como Jair Bolsonaro, Pastor Marcos Feliciano, entre outros. Qual o papel da Comissão neste último ano?

Eu costumo dizer que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias tem lado, e deve ter lado, que é o da defesa das minorias. A Comissão surgiu para ser uma canal de ativismo político na defesa da dignidade humana, de denúncia à violação dos Direitos Humanos, de construção de caminhos para assegurar sua aplicação. Nossa luta é por uma cultura de paz. Isso significa que a Comissão tem um papel político e que seus representantes devem ser uma voz atuante na luta contra as diversas formas de exclusão e de discriminação. Neste momento em que as forças conservadoras investem na derrota deste patrimônio público construído por gerações de lutadores dos Direitos Humanos, se não avançamos tanto quanto necessário, impedimos que retrocessos fossem viabilizados dentro da Comissão. Ao longo desse ano, nossa pauta foi a da resistência, contra os ataques dos grupos conservadores que atuam na Comissão.

O senhor é jornalista, formado pela UFSM. Como analisa o papel da mídia no Brasil? A imprensa tem responsabilidade por essa onda de intolerância política que o país vive?

Sim, pois ela combate a pluralidade de opiniões, reforça preconceitos e estereótipos e garante, de forma vergonhosa, imunidade àqueles que empunham a agenda que a própria mídia tem para o país. Por exemplo, na medida em que manda retirar os nomes de FHC e de Aécio Neves de coberturas como da Lava Jato, e apresenta para a sociedade o caso Petrobrás como algo recente, quando se sabe que tudo iniciou no governo do PSDB, a mídia alimenta um movimento de ódio contra o PT e os movimentos de esquerda no país. A mídia mais do que ninguém conhece os limites de sua liberdade de expressão, até onde pode ir, sobre o quê e quem falar. Infelizmente, a imprensa brasileira trata os fatos a partir dos seus personagens. Só depois desse filtro, dessa censura prévia, e só depois de verificar se não irá atingir interesses dos grupos econômicos que financiam a mídia, é que a imprensa brasileira decide o tamanho da cobertura jornalística. É por isso que tudo que envolve o PT dá manchete e tudo que envolve o PSDB e a oposição é escondido para debaixo do tapete. Tem sido assim. A liberdade de expressão da mídia é seletiva e covarde.”

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