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UFSM. Projeto cria método simples e eficiente para monitorar regiões (do sul do País) atingidas pela seca

Por LUCAS CASALI, da Agência de Notícias da UFSM

Historicamente mais associada ao Nordeste brasileiro, a estiagem é um fenômeno que, nos últimos anos, também tem deixado suas marcas em outras regiões brasileiras não tão acostumadas às suas consequências: falta d’água, rios secando, plantações arruinadas, animais morrendo, crise econômica. Para o governo e organizações da sociedade civil, é fundamental em situações como essa identificar quais são as regiões mais afetadas por esse fenômeno. Neste sentido, um projeto da UFSM disponibiliza uma metodologia para monitorar a estiagem com imagens de satélite obtidas gratuitamente e com dados processados por meio de software livre.

Intitulado “Monitoramento da estiagem na região Sul do Brasil utilizando dados EVI/Modis”, o projeto é coordenado pelo professor Manoel de Araújo Sousa Júnior, do Departamento de Engenharia Rural da UFSM, contando também com a colaboração da professora María Silvia Pardi Lacruz, da Unidade Descentralizada de Educação Superior de Silveria Martins (Udessm). O projeto consiste basicamente no acompanhamento do índice de vegetação EVI (Enhanced Vegetation Index) da região monitorada – no caso, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Fornecidas pela Nasa (agência espacial americana), as imagens analisadas no projeto são do sensor Modis (Moderate-Resolution Imaging Spectroradiometer), as quais possibilitam avaliar aspectos como a temperatura da superfície, nebulosidade e mudanças na vegetação. Além do monitoramento da estiagem, as imagens Modis também têm sido utilizadas em outros países na detecção de incêndios florestais e na verificação do nível dos oceanos, entre outras aplicações.

ufsm lucasPara obter a média dos índices de verdor da vegetação no Sul do país, são analisadas as imagens Modis dos últimos 15 anos. Visando a indicar em que regiões o índice permaneceu ou não dentro da média, foi criada uma escala de números e cores correspondentes. A normalidade é representada por valores que vão de -1 a 1 desvios padrões e pela cor amarela; em uma extremidade, 2 desvios padrões evidenciam uma vegetação com verdor acima da média, e por isso o número é representado pela cor verde; o caso mais preocupante é o do vermelho, cujo índice de -2 desvios padrões indica estiagem de alta intensidade. Imagens Modis atualizadas da região são obtidas a cada 16 dias.

O projeto iniciou em 2007, época em que o professor Manoel atuava como pesquisador do Centro Regional Sul (CRS) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2009, quando se tornou professor da UFSM, ele trouxe o projeto para a universidade. Em todos esses anos de monitoramento da estiagem, os períodos mais intensos de seca foram registrados no verão e outono de 2005 e 2009 e no verão de 2012. Para o Rio Grande do Sul, esse último período foi o pior de todos. No “mapa da seca” daquele verão, o estado teve 56% do seu território pintado de vermelho.

Reconhecimento  Quando o projeto ainda estava hospedado no Inpe, os resultados eram disponibilizados ao público no site do CRS. Na época, a equipe do projeto descobriu com surpresa que o seu trabalho era acompanhado pela Secretaria da Presidência da República, interessada naquela ocasião em acompanhar um dos períodos de estiagem pelos quais a região Sul passou nos últimos anos. O professor Manoel espera, em breve, voltar a disponibilizar on-line os mapas com o monitoramento da estiagem.

A gratuidade do material com que trabalha (imagens e software), junto com a eficiência e relativa simplicidade da metodologia, despertou o interesse pelo projeto em outros estados brasileiros, bem como em outros países. O professor Manoel de Araújo Sousa Júnior, que é paraibano, orgulha-se de ter ministrado capacitação para o monitoramento da estiagem em uma edição do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto realizada em seu estado natal, um dos que mais sofrem com a seca no Brasil.

Em agosto de 2015, Manoel apresentou a metodologia na Colômbia, durante a Semana Internacional de Geomática. Ele participou do evento na qualidade de assessor da UN-Spider – plataforma da Organização das Nações Unidas (ONU) que usa informações de satélite visando à gestão de desastres e respostas de emergência. Essa agência internacional pretende capacitar equipes em todos os países da América Central para monitorar a seca a partir da metodologia disponibilizada pela UFSM. As ações nesse sentido estão englobadas em um projeto chamado Fosat-S (sigla para Proyecto de Fortalecimiento de Sistemas de Alerta Temprano para Sequía).

Atualmente em fase final de implementação, o Fosat-S vai envolver a participação das seguintes instituições:

-UFSM;

– UN-Spider;

– Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (Unoosa);

-Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO);

– Convenção das Nações Unidas para a Luta contra a Desertificação (UNCCD);

– Cetro Internacional para a Investigação do Fenômeno do El Niño (Ciifen);

– Centro de Coordenação para a Prevenção dos Desastres Naturais na América Central (Cepredenac);

– Centro Regional de Educação em Ciência e Tecnologia Espacial para América Central e o Caribe (Crectealc);

– Sistema de Integração Centroamericana (Sica) e Conselho Agropecuário Centroamericano (CAC);

– Instituto Geográfico Agustin Codazzi (Igac);

– Agência Espacial Mexicana.

Também estão incluídas entre os participantes entidades governamentais de países da América Central e Caribe. O projeto será destinado a comissões ou comitês nacionais de segurança alimentar ou nutricional, aos ministérios de agricultura, meio ambiente e recursos naturais desses países, assim como para entidades nacionais de protecção civil ou comitês e agências de redução e resposta em caso de desastres.

A metodologia desenvolvida em Santa Maria também já foi apresentada em países como Argentina, El Salvador e Honduras. Informações mais detalhadas sobre o seu funcionamento podem ser obtidas aqui.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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