De boa na Lagoa – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira
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Existem expressões idiomáticas que repetimos e nem sequer fazemos ideia de onde se originaram. Porém, minha curiosidade não me permite passar muito tempo sem descobrir as histórias por trás das coisas que uso ou me deparo cotidianamente. Sou fã dos ‘Pai dos Burros’ antigo, o dicionário e tornei-me usuária assídua das ferramentas de pesquisas modernas pela internet, poderia chamar o Google de ‘Mestre dos Ignorantes’ e entres estes estou eu! Mas, não gosto de ficar neste vácuo de conhecimento e explicações por muito tempo…
Já descobri, por exemplo, uma possível origem para a expressão ‘lavando a égua’, que remonta o tempo das extrações de ouro em minas, tempo este que os empregados mineradores eram, praticamente, escravos do dono da mina. Acontece que o mineiro passava o dia todo cavando e encravando-se mina adentro, gerando toneladas de terra rica em pó de ouro, e para carregar esta carga preciosa usava-se a força dos animais de carga.
Cavalos e principalmente as équas eram usadas para retirar as pepitas e sacos de ouro e logo os escravos/mineiros descobriram uma maneira de levarem para fora o seu próprio ouro, longe da revista severa dos capatazes. Enquanto, dentro da mina, cobriam os animais com o pó extraído da mina e, já lá fora, depois do trabalho, ainda ofereciam um extra ao patrão, oferecendo-se para alimentar e ‘lavar a égua’… não é preciso dizer que este esforçado trabalhador/escravo/mineiro e agora cuidador dos animais recolhia cada grama do lodo que saía do bichinho durante o banho, explicando muito bem o significado do termo, receber uma boa recompensa pelo seu trabalho ou decisão.
Sentada na beira da Lagoa Mirim, enquanto olhava para meus filhos adentrarem suas águas rasas e morninhas, curtindo o vento norte, segurando minha Nikon e sentindo o sol da tardinha em minhas costas, pensei na frase: de boa na Lagoa. E agora? O que teria feito desta frase algo tão repetido entre nossa população?
Bom, para ‘encurtar ou causo’ não encontrei uma explicação que valesse a pena contar, em todas os sites e páginas que recorri só encontrei exemplos da aplicação da frase, mas, nenhuma que contasse a sua origem de fato ou pelo menos uma sombra dela… Então, neste caso, faço eu uma tese da MINHA gênese desta expressão.
Há alguns dias, entre telefones, computadores, clientes e paredes de concreto eu me sentia oprimida, chateada e estressada. Até mesmo de posse de minha câmera fotográfica não encontrava um motivo para devolver a minha paz e alegria interna diante dos dias infindáveis e as noites infinitas. O trabalho doméstico era opressor e contínuo, lavar, varrer, esfregar, secar, torcer, carregar baldes, cheiro de alvejante, pinho e sabão… Cozinhar me dá prazer, porém até mesmo o cheirinho da cebola e do alho fritando não era o mesmo.
E então veio a ansiedade da pré-viagem. Fazer malas, preparativos, planejamento e por fim, entrar no carro e passar um dia todo na estrada, com três crianças no banco de trás. É aí que as coisas começam a mudar. A estrada começa a nos ensinar que os problemas devem ser superados e deixados para trás. O abraço apertado dos amigos que revemos nos dão a lição de que o que é bom é ainda melhor depois de um tempo e que repetir sempre vale a pena.
E por fim, o sentimento espetacular de poder usufruir de todo o ambiente em nossa volta. A incrível sensação de se estar Vivo. E agora, estou eu sentada na beira da Lagoa Mirim, olhando meus filhos adentrarem em suas águas rasas e morninhas, curtindo o vento norte e sentindo o sol da tardinha em minhas costas… Escrevi uma palavra na areia e empunhei minha Nikon. Ah… Isso que é estar ‘de boa na lagoa’!
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