Ignorar não resolve o problema – por Maiquel Rosauro
Havia uma bifurcação na estrada. Era Quinta-Feira Santa e eu recém começava o terceiro quilômetro de caminhada com meus dois beagles, no interior da Quarta Colônia, quando avistei, no sentido contrário, um homem vindo em nossa direção.
Ele aparentava ter cerca de 40 anos e vestia-se com roupas surradas, típicas de quem trabalha na lavoura. Seu andar era errante e cada passo era acompanhado de perto por um pequeno vira-lata branco.
Ao me aproximar, notei que o homem levava consigo uma garrafa pet com um líquido transparente. O recipiente, sem rótulo, estava cheio e fechado, envolto em uma sacola plástica verde.
Não demorou e despertamos sua atenção. Ele deu dois passos em nossa direção, um para trás, parou e perdeu o equilíbrio. Caiu de costas em uma valeta, fazendo um barulho assustador quando sua cabeça chocou-se com uma grande pedra.
Pensei em ligar para a polícia, mas eu sabia que ele estava bêbado e que aquela era uma cena recorrente no interior. Então segui viagem.
Mas só consegui ir alguns metros à frente, meu senso de humanismo me fez retornar. O homem era vigiado de perto por seu vira-lata e um vizinho já se aproximava para acudi-lo.
Fiquei mais tranquilo, embora a imagem dele caindo não tenha saído da minha mente até agora. Embora nem sempre termine em acidente, é comum o encontro com homens sob forte efeito do álcool nas estradas da região.
E por que isso ocorre?
“Eles trabalham que nem burros de carga todos os dias e a vida nunca melhora, é sempre a mesma coisa. No final do mês só sobra um pouco de dinheiro para comprar comida”, foi uma das teorias que ouvi.
Seria a bebida uma distração? Uma fuga da triste e pobre realidade?
Eu não tenho a resposta e segui o passeio com meus cães com a certeza de que ignorar não resolve o problema.
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