Ainda que o assunto já circulasse há pelo menos um mês, com direito a desmentido oficial na época, só anteontem o Grupo RBS comunicou formalmente a venda de suas operações em Santa Catarina (rádio, TVs e jornais) para empresários neófitos na área. Ainda há perplexidade entre os catarinenses. Pelo menos aqueles envolvidos em comunicação e economia.
Afinal, por que a venda e o que ela significa? Uma das boas reflexões acerca do tema é feita pelo pesquisador e professor da UFSC Rogério Christofoletti. Vale, a propósito, conferir o artigo dele originalmente publicado no sítio do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. A seguir:
“Quem ganha com a venda da RBS de SC?
Quando se anuncia um grande negócio, é fácil embarcar nas comemorações. A notícia é dada com alarde, com o claro objetivo de espalhar boas vibrações e acalmar os mercados. O discurso se apoia basicamente nas cifras envolvidas e na ideia (nem sempre verdadeira) de que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Isso aconteceu na fusão das empresas para a criação da Ambev – “Uau! Teremos agora uma multinacional da cerveja!” – e em diversas jogadas de Eike Batista – “Esse cara é agressivo! Isso sim é empresário de verdade!”. Por isso não se surpreenda com o que ouvirá nos próximos dias, agora que foi confirmada a venda dos ativos do Grupo RBS em Santa Catarina. Vão tentar convencê-lo de que é uma excelente notícia e que os benefícios são de todos. Mas será mesmo? Afinal, quem ganha com a venda da RBS no estado?
Alardeada várias vezes, a notícia só se tornou fato hoje, com anúncio formal da cúpula da RBS. Boatos mais insistentes começaram a circular em Florianópolis no começo do ano a partir do jornalista Paulo Alceu. Da sede em Porto Alegre, o grupo se apressou a desmentir. Um mês depois, passaram a circular a conta-gotas informações mais consistentes, como a de que os acionistas do grupo teriam sido comunicados, e que uma videoconferência daria a notícia aos empregados. Isso se deu no início da tarde de hoje, 7, quando os funcionários foram reunidos para um comunicado oficial. Nelson,Jayme e Eduardo Sirotsky falaram pela RBS. Ao lado deles, estavam Lírio Parisotto, Carlos e Leonardo Sánchez, os compradores.
Para alguns analistas, um fator foi decisivo nesta história: o suposto envolvimento da RBS num grande esquema de corrupção para abater ou perdoar dívidas fiscais, investigado na Operação Zelotes. A menção ao grupo não apenas teria trazido prejuízos financeiros e de imagem como teria azedado as relações com a TV Globo, principal parceira.
O raciocínio faz sentido, mas não vamos alimentar a esperança de que confirmem as cartas na mesa. De concreto, o que se tem é que a transação fez com que metade de um conglomerado de comunicação trocasse de mãos num passe de mágica. Não é pouca coisa, a se julgar que o Grupo RBS era o maior grupo regional privada de mídia do país, reunido 57 veículos e atuando com supremacia no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina…”
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Torço pra que a RBS suma também do RS. Quanto a essa venda, acho que estão fazendo caixa pra pagar a "suposta" sonegação que a Operação Zelotes investiga e que, atualizada supera os 700 milhões.