Seria cômico se não fosse trágico – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira
Uma das grandes formas de entretenimento que encontramos em nossos dias vem da grande tela do cinema. Notamos como é popular devido à grande repercussão que uma premiação tal qual o ‘Oscar’ acaba atingindo entre as redes sociais e mídias, porém a vida real está longe de ser algo sem graça e monótona. Dizem que a vida imita a arte, mas eu discordo totalmente, pois o que eu vejo é que a arte inspira-se na vida; não existe um filme que fale sobre uma pedra sem que haja vida à sua volta, e que nesta vida não reconheçamos um pouco da nossa própria.
Pois então, voltemos um pouco no tempo, em outra época e imagine uma festa de aniversário sem quase ninguém pra festejar… pois é, não era assim com a família dos Tali (nome este derivado do fato que o patriarca da família costumava acrescentar um ‘Tal de’ antes do nome dos filhos, porém os menores, não entendendo a expressão, repetiam a sua maneira). Pois só na casa deles foram geradas 15 crianças, então, quando os filhos mais velhos protagonizavam algum incidente é porque já eram muitas boquinhas na ocasião.
Este fato ocorreu na festinha de um dos primos, numa casa onde as condições financeiras até lhes permitiam fazer uma festinha para os pimpolhos e convidar os Tali, os priminhos abundantes e menos favorecidos. Para se ter uma ideia do poder aquisitivo da família dos meninos basta lembrar de que o calçado do domingo de missa eram os chinelos havaiana, invertidos para não encardir tanto. Chinelos estes que eram compartilhados por todos, independentemente do tamanho do pé. O pai era um pobre trabalhador esforçado, comandava uma patrola do DAER, lá pelos anos 50, passava os dias inteiros arrumando as estradas do interior e cidade, para que a rica safra das terras de Mauá, escoassem por estas vias.
Mas, voltando ao assunto, nota-se a inexperiência dos Tali nestas ocasiões de festinhas infantis pela pergunta realizada pelo Talize (era pra ser Tal de Luiz, mas as coisas foram fundindo-se e ele era o segundo filho mais velho entre os 15,) para sua tia, anfitriã da festa, ao começar a cortar e servir as fatias do bolo para as crianças:
– Tia, dá pra comer os chumbinhos? – O bolo era confeitado com aquelas bolinhas cinzas de açúcar que, para essas ferinhas, eram bolinhas de chumbinho. Pra quem não viveu aqueles tempos, os meninos, até mesmo os menos afortunados, tinham uma espingardinha de pressão e as esferinhas de chumbo eram suas companheiras das caçadas a passarinhos e eventualmente alguns olhos de vaca. Outra história daria se eu contasse sobre os acidentes, como os tiros nos pés…
– Claro! É de comer. – respondeu a tia, deliciada com a pergunta infantil.
E, após muitas garfadas e muita gente comendo de um único bolo, ele acaba por findar-se, mas a fome e a curiosidade dos pequenos não.
Novamente, Talize, ao aproximar-se da Tia e verificar que o bolo havia acabado, não titubeou em perguntar, já que foi possível comer os chumbinhos:
– Tia, dá pra comer a velinha?!!!
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