Vida de cão – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira
Todos os dias o homem passa pelo mesmo caminho entre sua casa e o trabalho, é um ‘cãotado’ que não tem onde cair morto, vivendo um dia por vez, ‘cãotinuamente’. Quem dera tivesse estudado mais e soubesse utilizar um ‘boticão’, virado dentista, ou fosse dono de uma ‘cãotina’ italiana famosa. Mas, o pobre homem não tinha nem mesmo um pedaço de ‘cãopo’ para poder ‘cãotivar’ uma horta…
Ia e vinha trilhando seu rumo com uma marmita de feijão, arroz e ovo frito, além do ‘cãotil’ com água morna. Chegava ao trabalho e em sua ‘cãodeira’ ficava longas horas em sua guarita, cuidando a entrada dos ‘cãodomínios’, ele era o responsável pelo bem-estar e segurança daquelas lindas casas de luxo. Quando podia, levanta-se para alongar um pouco as pernas e verificava com um rabo de olho os ‘cãobitos’ de alguma senhora mais acalorada que passava por ali…
Olhava para o vai e vem dos carros novos e caros que estavam sobre os seus cuidados e lembra-se que há muito tempo ele foi proprietário de uma ‘cãobi’, dias felizes pois podia passear com toda a família para a beira de algum rio e fazer um ‘churrascão’ de ‘cãostela’. Hoje, só anda a pé, com um único par de sapatos, uma botina de ‘cãoro’, que ele fez questão de investir seus cem ‘cãotos’.
– Ô vida ‘cãoplicada’… – era a ‘cãoclusão do homem enquanto ‘cãoçava’ a cabeça.
No fim do dia o homem retornava para seu lar simples, mas, que ‘cãobinava’ com o seu estilo de vida. Eram, na verdade, apenas algumas peças emprestadas por um antigo amigo e ‘cãopanheiro’. Na ‘cãozinha’, ele tinha um fogão para fazer a ‘cãomida’, uma geladeira para a bebida, uma mesa com dois banquinhos, um televisor preto e branco de 5” com rádio sobre a geladeira fazia do lugar uma sala de estar, também. No seu quarto havia uma ‘cãoma’ de solteiro, com um ‘cãochão’ de espumas velho e sovado, com apenas o lençol de baixo e uma ‘cãoberta’ quentinha esticada sobre ela.
Ele chegava, tomava um banho frio, pois não tinha um chuveiro elétrico, nos dias mais frios esquentava a água na chaleira e tomava um banho de ‘cãoneca’. Era um homem muito limpo e ‘cãoprichoso’. Arrumava sua janta e a marmita para o dia seguinte e ‘cãopletava’ seu dia ouvindo, no radinho, as suas ‘cãoções’ prediletas.
Deitava-se só e acordava só. Não era preciso ouvir mais de uma vez o som da ‘cãopainha’ do velho despertador. Mas, hoje o homem não levantou. Não foi trabalhar naquela semana. Foi encontrado depois de dias ‘cãopletamente’ sem vida.
Seus vizinhos lamentaram a perda daquele homem ‘cãotido’ e de modos simples. Os moradores do ‘cãodomínio’ de luxo, alguns que notaram a sua falta, acharam que ele havia pego férias, porém o ‘cãomentário’ entre os poodles, pugs, pinschers e chihuahuas era: – Aquele humano teve uma verdadeira vida de cão!
Coitado, continuamente, boticão, cantina, campo, cultivar.
Cantil, cadeira, condôminos, cambitos.
Kombi, churrascão, costela, couro, contos.
Complicada, conclusão, coçava.
Combinava, companheiro, cozinha, comida, cama, colchão, coberta.
Caneca, caprichoso, completava, canções.
Campainha, completamente.
Contido, condomínio, comentário.
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