Já no início da madrugada de segunda-feira, os dois deputados do PT em Santa Maria divulgavam notas nas redes sociais. O objetivo parece claro: ao lado de demonstrar a indiscutível tristeza pelo resultado, também buscavam animar a militância petista para os embates que virão.
É, ao menos, o que dá para perceber das notas divulgadas por Paulo Pimenta, deputado federal, e Valdeci Oliveira, estadual. Acompanhe as duas, na integra:
PAULO PIMENTA:
“Dormia A nossa pátria mãe tão distraída Sem perceber que era subtraída Em tenebrosas transações“
Chico Buarque
Companheir@s! Neste momento de grande significado histórico para milhões de pessoas que acreditam em uma sociedade democrática, compartilho com vocês meu sentimento de tristeza com a derrota da esquerda no dia de hoje. Mas, também compartilho meu sentimento de satisfação e orgulho com o envolvimento de tantas pessoas que saíram às ruas parar lutar por democracia. Qualquer avaliação agora seria preliminar e não conclusiva, portanto, nossa avaliação merece uma reflexão mais ampla. Entretanto, é preciso afirmar a continuidade da luta nos próximos dias, na discussão que enfrentaremos no Senado e no STF. A partir de amanhã estaremos juntos, resistindo nas ruas e nas redes, ampliando nossa capacidade de enfrentamento ao preconceito, ao conservadorismo e ao oportunismo que guiou a votação do golpe na Câmara.”
VALDECI OLIVEIRA:
“A luta continua nas ruas, nas redes e no senado
Sem dúvidas, um dia muito triste este domingo, 17 de abril de 2016. É difícil assimilar que a democracia brasileira, duramente conquistada em um passado não muito distante, sofreu um golpe tão rasteiro como o de hoje. A maioria do Congresso Nacional entendeu que uma presidente que jamais cometeu crime de responsabilidade é passível de impedimento. O desvirtuamento foi tamanho que a oposição abriu um pedido de impeachment em virtude de supostas pedalada fiscais e, no plenário do Congresso, admitiu que isso foi apenas um subterfúgio. Raríssimos deputados a favor de Michel Temer mencionaram as pedaladas em seus pronunciamentos no microfone. Ora, isso trata-se, sim, de golpe. De atentado a democracia. De enfraquecimento da legalidade. De desrespeito à Constituição. Querem arrancar uma presidente eleita pelo povo porque querem o poder a qualquer preço. Porque jamais assimilaram a derrota eleitoral de 2014. Jamais aceitaram o resultado das urnas.
Os nobres deputados fariam, de fato, um favor à nação se, em vez de Dilma, que, repito, jamais cometeu crime de responsabilidade, afastassem do Congresso aquele que justamente comandou, de maneira ardilosa, a sessão do impeachment. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, responde a uma série de denúncias por ter recebido milhões em propina, por possuir contas clandestinas no exterior e por interferir em investigações conduzidas pelos órgãos de controle. Pois esse cidadão, que publicamente foi chamado hoje de bandido, de ladrão e de tirano por diversos dos seus próprios pares, permanece blindado de punições e responsabilizações. Um processo de impedimento articulado e comandado por uma figura espúria como essa soa como um deboche, soa como uma tapa na cara da sociedade que reivindica um país livre de corrupção e de malfeitos.
Sim, quem batalha permanentemente para que a jovem democracia nacional seja atualizada e fortalecida está muito triste hoje. Eu estou triste. E sei que boa parte da população brasileira tem o mesmo sentimento. A nossa tristeza, no entanto, é momentânea e não vai nos paralisar. A mobilização contra o golpe, mesmo que parcialmente derrotada, mostrou que a pauta de democracia é cara por demais para a sociedade brasileira. Milhões saíram das ruas nas últimas semanas para reativar a Campanha pela Legalidade, tão bem capitaneada por Leonel Brizola em 1961.
Pois esses milhões não ficarão acuados. A luta vai prosseguir intensa nas ruas, nas redes, no Senado Federal e, se necessário, no Supremo Tribunal Federal. O jogo não está jogado. Há etapas a serem cumpridas ainda. Enquanto houver oportunidades de resistir, nós resistiremos. Faremos isso de peito erguido e com a cabeça erguida, pois a história se encarregará de mostrar o lado da trincheira que defendemos. Quem sempre esteve na luta social continuará mobilizado por um Brasil mais justo, mais democrático, mais inclusivo e mais solidário. Meu grande abraço a quem empunhou e continuará empunhando com vigor a bandeira do Estado Democrático de Direito, da cidadania e da liberdade.”
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