Teoria de Ciro. Lula é um novo Getúlio Vargas. E isso é ‘genial’, acredita o agora deputado

É interessante esse cidadão, e sobretudo político, Ciro Gomes. Perdeu a eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (e José Serra) em 2002. Apoiou o petista desde a primeira hora e virou ministro leal (jamais se viu uma crítica pública, embora se soubesse de suas eventuais divergências, por exemplo, com a política econômica).

Agora, recusou (se houve, e parece que houve) convite para voltar a ser ministro, preferindo exercer o mandato de deputado federal – para o qual foi eleito com votação recorde, no Ceará. E, especialmente, se coloca como candidato à sucessão do próprio Lula. É possível que não tenha o apoio formal do atual presidente. Mas é absolutamente correto dizer que, por suas atitudes (inclusive, do ponto de vista público, diferentes das de seu próprio partido, o PSB), terá a consideração de Lula e dos lulistas. Isso, além de não ser pouco, pode ser decisivo em 2010.

Tendo essa perspectiva, talvez seja mais fácil entender o que ele disse nos corredores do Congresso Nacional e que foi apreendido pelo repórter Tales Faria, que reproduziu a fala na coluna Informe JB, do Jornal do Brasil, e reproduziu no Blog dos Blogs. Confira você mesmo:

 “Ciro, o rei Lula, a cizânia e Getúlio

Aos poucos o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) vai se acostumando à vida parlamentar. Já senta tranqüilamente no cafezinho da Câmara e até troca figurinhas com os repórteres.

Ontem, provocado sobre os motivos que têm levado o presidente Lula a emitir tantos sinais desencontrados para seus aliados no Congresso, Ciro lançou mão de uma explicação já dada aqui na coluna, mas que se torna muito importante quando parte de um dos maiores defensores do governo.

– Ora, vocês não notaram ainda que o presidente Lula está reinando? Enquanto todos ficam confusos, brigam, ele reina tranqüilamente.

Ciro, que já foi ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula, continua:

– É o estilo do Lula. O mesmo estilo que o Ulysses Guimarães tinha para comandar o PMDB e que o Getúlio Vargas adotou para governar o Brasil por anos a fio. Lula espalha a cizânia para que ninguém tenha controle do processo. Só ele, entre todos os que giram em torno do governo, tem noção de tudo. Só ele é o ponto de união de todas as correntes. Tudo termina nele.

Um repórter pergunta se isso não é perigoso para o país.

– Não, é genial! O Getúlio fez isso o tempo inteiro com o PTB e o PSD, a esquerda e a direita da época. Ambos eram partidos do seu governo. Ora pendia…”

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