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Um espetáculo midiático – por Daniel Arruda Coronel

No dia 17 de abril do corrente ano, a Câmara dos Deputados autorizou o processo de abertura de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Contudo, o que deveria ser uma votação das mais sérias e delicadas da história republicana brasileira acabou se transformando num verdadeiro espetáculo midiático deprimente, que nos faz refletir sobre a maturidade das nossas instituições e o futuro da nossa jovem democracia.

No que pesem manifestações contrárias e favoráveis ao governo Dilma, o que estava em votação no dia 17 é se o governo cometeu crime de responsabilidade contra a lei orçamentária e se por isso merece ser afastado, mas o que a sociedade viu, através de ampla cobertura nacional, não foi esta análise, que foi feita, com exceções, mas sim a exaltação à ditatura militar, a qual matou, torturou e ceivou vidas de homens e mulheres de bem; elogios ao Coronel Brilhante Ustra, o qual foi declarado como torturador nacional e morreu sem esclarecer importantes questões sobre um período negro da história brasileira; críticas aos movimentos sociais, a opções sexuais, bem como argumentos desprezíveis, torpes e sem nenhum emassamento jurídico.

Além de tudo isso, observou-se que deputados que em um tempo não tão distante atrás eram “ferozes”  defensores do governo Dilma, agora mudaram de lado, mostrando ruptura de ocasião e oportunista. Somado a isso, observaram-se votações em homenagem à família, a Deus, aos amigos, pulos, confetes e todo o tipo de manifestação que vai de encontro à seriedade da câmara legislativa do país, E, para completar este espetáculo deprimente, observou-se todo o processo sendo conduzido por um deputado que responde por vários casos de corrupção e o qual foi seguidamente saudado e reverenciado por seus pares por estar livrando o país do atual governo.

Independente do fato e das opções políticas, as nossas instituições devem agir com parcimônia, desprendimento e respeito ao erário público e à sociedade, o que passa necessariamente por respeito aos pleitos eleitorais, não buscando subterfúgios e argumentos torpes, nas entrelinhas da hermenêutica jurídica, para atentar contra a democracia e contra os valores éticos e republicanos. Só assim teremos um país que efetivamente consolide suas instituições e sua democracia, o que passa necessariamente por debates qualificados, com bons argumentos e sem apelos midiáticos. Caso isso não se consolide, infelizmente serão válidas as palavras do saudoso Millôr Fernandes: “Isto sim é que é Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga, ele mesmo absolve”.

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