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Era ponto.com?! Já era! – por Luciana Manica

Agora é pontoqualquercoisa e pontosalvesequempuder! Cuidado, corra, que o gatuno vem aí! Atenção, empresários em geral! Novas alterações nas regras de nomes de domínio, consideradas verdadeiras marcas online, passam a vigorar em 25 de janeiro!

Tá, e daí, o que muda? “Nada grave”. Mas olha só, sempre terá um “idiota” querendo cadastrar o .google, o .apple ou ainda .cocacola. Ou um inteligente correndo para pegar um .advogado, .doutor, .escola, .online, .shop, .hotel, .hot, .sexy. Ou ainda, com viés de localização, outro vai querer registrar o .poa, .floripa, e assim por diante. Todos estes chamados de domínio de topo ou TDL, pois ficam depois do ponto!

Para cada TLD, existe uma entidade (designada por registro central) responsável por todos os domínios que terminam com esse TLD específico. No Brasil, o órgão responsável é o Comitê Gestor Internet Brasil (CGI.br).

Ok, continua. Antes de explicar como fica, claro que a situação não é grave. É gravíssima!!!! Veja só. Se o felizardo conseguir, e tiverem interessados em cadastrar uma expressão de uso comum até a data do registro, como faz? Faz-se um leilão! Quem ganha? A ICANN! Hein? Uma instituição aparentemente sem fins lucrativos. Acho que esqueceu dessa característica sob o subterfúgio de permitir a criatividade e vislumbrar o empreendedorismo.

A ICANN é Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, criada em 1998, juridicamente sob as leis da Califórnia. Tem por finalidade coordenar os nomes de domínio através de uma parceria realizada com os registros centrais espalhados em diversos países, permitindo assim, uma internet global.

Explicando. Se um engraçadinho registrar .advogado, eu terei que pagar zilhões para ter lucianamanica.advogado, criando um “comércio” com os nomes de domínio de segundo nível, leia-se monopólio. Em havendo, num primeiro momento, mais de um interessado nesse domínio, se a Icann não conseguir decidir por um único candidato, o processo segue para o leilão, em que o vencedor provavelmente será o que tiver os bolsos mais recheados. E a grana vai para quem? Adivinha!!! ICANN! Que rica criatividade!! Estou até pensando num .peloamordedeus!!!

Salvo melhor juízo, essa novidade parece-me mais uma tentativa de novo mercado, para beneficiar poucos. Os empresários devem evitar o risco, valendo-se de uma assessoria específica, buscando registrar o quanto antes os nomes de domínio para evitar dores de cabeça. Refiro-me a enxaquecas, das grandes!

Ainda não entendeu? Ok. Agora pense num concorrente seu, não necessariamente querendo registrar a sua marca, pois a concorrência desleal seria direta, mas o seu segmento de mercado. E aí, como fica? .socorro!

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4 Comentários

  1. Prezado Jack, estava há dias por te escrever. Amei teus comentários! Acho que, em verdade, concordamos mais do que imaginas. Veja bem, a expressão idiomática “idiotas” referia-se às pessoas que, achando-se inteligentes, fariam o registro de marcas de terceiros. Esses são uns “idiotas”, pois seus domínios não irão vingar, uma vez que a Câmara da OMPI optará por uma das hipóteses: violador deverá transferir o nome de domínio às vítima; ou não transfere, pois o pedido da vítima é improcedente ou ainda congela, não ficando o nome do domínio com nenhuma das partes. Apenas no sentido de um “idiota” querer se valer de marca de terceiro, assim quis me referir, pois além de contrafação marcária, cometeria atos de concorrência desleal.
    Quanto aos demais casos, pessoalmente, não acho justo apropriar-se de NOMES DE USO COMUM num nome de domínio só. Deves me questionar, mas Luciana, e marcas por vezes de uso comum para um segmento? Recordo que marca é vinculada a PRODUTOS determinados ou SERVIÇOS determinados, com exceção de marca de alto renome e marca notoriamente conhecida. Nesse sentido, não acho inteligente, e acho sim, APROPRIAÇÃO INDEVIDA do que é comum, de todos, por vezes informativo, havendo um comércio, no meu sentir, desleal, pois há abuso de direito, ficando 1 pessoa com o monopólio de um nome de uso comum. Assim quis me fazer entender. Claro que a criatividade deve ser válida, que o comércio é super vantajoso, mas NÃO DE EXPRESSÃO DE USO COMUM. Se é para ser criativo, que crie um CONJUNTO novo, como ocorre nas marcas. Até mais… adorei! (PS: destaquei as palavras por questão didática apenas)

  2. Querida Luciana,

    Adoro teus artigos, porém tenho que discordar desse quase como um todo. Exceto pela parte da notícia em si (onde você relata que é possível registrar domínios pontoqualquercoisa, ou generic Top Level Domains (gTLD) pra quem é da área).

    Chame as pessoas que compram domínios genéricos de “idiotas”, mas é um mercado extremamente lucrativo. Aqui em Santa Maria mesmo, já vi um domínio sair por pouco mais de 15000 em 2010. No mundo, temos casos como o sex.com que saiu por 15 milhões de dólares ou o privatejets.com que saiu por 35 milhões de dólares. Se eles são idiotas, eu queria ser assim.

    Mas vamos adiante, tu fala em um idiota sair correndo e comprar um .poa ou um .floripa. O processo de aquisição de um gTLD é caro (na casa de $185 mil dólares americanos para a abertura do processo) e burocrático (podendo levar facilmente 20 meses).

    Cada submissão tem que ser boa o suficiente para convencer alguns painéis(desculpe o aportuguesamento dos nomes, mas o guia oficial em português ainda não está disponível):
    – Painel de similaridade de palavra (verificar o impedimento de registrar um domínio .adevogado para “enganar” como se fosse um .advogado por exemplo)

    – Painel de estabilidade de DNS (verificar se o domínio não compromete o funcionamento dos sistemas de nome de domínio, algo como .root ou algum caracter que quebre tudo)

    – Painel de nomes geográficos (verificar se o gTLD representa uma região geográfica, e caso represente, verificar se a documentação de representatividade ou o suporte governamental está ok)

    – Painel de avaliação técnica (verificar se a pessoa que quer registrar o domínio tem um corpo técnico qualificado e capaz de manter o serviço funcionando)

    – Painel de avaliação financeira (verificar se o registrante tem a capacidade financeira de manter o gTLD em funcionamento)

    – Painel de avaliação técnica dos serviços de registro (verificar se a inclusão do domínio vai acarretar em alguma perda de estabilidade ou segurança nas operações mundiais).

    Continuando, para cada TLD existe um orgão ou entidade responsável (como você cita corretamente o caso da nic.br gerenciando os .br). E isso não muda com um gTLD. Quem registrar ele fica responsável pela gestão/manutenção/utilização de todos os domínios inferiores.

    Em caso de duas concorrências, o leilão é a última alternativa. Ele só ocorre se não houver acordo entre as partes e se a avaliação de prioridade não chegar a uma conclusão (Módulo 1, página 28 do Application Guidebook).

    Olha que legal! A ICANN faz a Internet funcionar (como a gente conhece hoje em dia), ela é responsável pelos Root Serveres de DNS e é ela que concede o privilégio da nic.br gerenciar os domínios .br (é claro, cobrando um taxa administrativa sob cada domínio registrado). Mas vamos pensar local: existem 3.306.232 domínios .br registrados nesse momento (15/01/2014 – 16:30), se pensarmos que o valor médio de registro anual é R$28, somente a nic.br arrecada aproximadamente R$90.000.000,00 (noventa milhões de reais) por ano. São 90 milhões pagos na sua maioria por cidadões brasileiros (vista a necessidade de um cnpj/cpf para registro de domínio) e que não vem a luz do dia ou que não tem as contas prestadas. Na real, a nic.br é uma empresa com cara de governo (gerenciada pela fapesp).

    Acho que é um excelente mercado para se investir, mas também é preciso ter cacife para isso (tanto financeiro quanto técnico).

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