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EVENTO AQUI. Seminário Internacional de Educação Popular começa com apoio à greve dos professores

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e fotos), da Assessoria de Imprensa do CPERS/SM

Helenir: “É um momento de ousadia, de fechar a escola, cruzar os braços e ajudar a pressionar para que o governo atenda nossa pauta”
Helenir: “É um momento de ousadia, de fechar a escola, cruzar os braços e ajudar a pressionar para que o governo atenda nossa pauta”

O 25º Seminário Internacional de Educação Popular teve início na manhã desta segunda-feira (7), no Clube Recreativo Dores, em Santa Maria. O evento segue até sexta-feira (10) e conta com a presença de centenas de professores, acadêmicos de licenciatura, gestores, lideranças de movimentos socais, entre outros. No primeiro dia de programação, a greve dos professores estaduais esteve no centro das discussões.

A presidente do CPERS/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, está presente no evento, onde participou nesta tarde da Mesa Plenária – Gestão democrática: utopia, empoderamento e emancipação. Ela destacou o engajamento dos jovens na ocupação das escolas e no apoio a greve dos educadores.

– Isso demonstra que podemos ter uma grande esperança na próxima geração, que serão muito mais cidadãos que a minha geração e a geração atual – elogiou Helenir (confira entrevista abaixo).

Pela manhã, logo no início do evento, a greve também foi tema de reflexão. O diretor de mobilização do 2º Núcleo do CPERS/Sindicato, Rafael Torres, destacou os desafios que a categoria enfrenta.

– Nossos direitos estão ameaçados. Os professores que entram na rede estadual de ensino não têm perspectivas para continuar – afirmou Torres.

A greve teve início em 13 de maio e não tem data para ser finalizada. O parcelamento e atraso dos salários, parcelamento do 13º, não pagamento do Piso (defasado em 69,44%), corte e congelamento de investimentos, falta de professores e funcionários de escola, aumento da carga horária para 16 horas sem aumento de salário, sucateamento das escolas, aumento da violência nas escolas, arrocho salarial e enturmações são apenas algumas das razões para a greve.

O que também preocupa os professores é o PL 44/2016, enviado pelo governo Sartori (PMDB) à Assembleia Legislativa, que autoriza o Poder Executivo a qualificar como organizações sociais “pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à gestão, proteção e preservação do meio ambiente, à ação social, ao esporte, à saúde e à cultura”. A categoria entende que, caso a proposta seja aprovada pela Assembleia, pode ocorrer a privatização das instituições públicas.

Seminário Internacional, aberto nesta terça, vai até sexta em Santa Maria e reúne centenas de docentes, que discute a educação popular
Seminário Internacional, aberto nesta terça, vai até sexta em Santa Maria e reúne centenas de docentes, que discute a educação popular

Seminário

O Seminário Internacional de Educação Popular objetiva promover a reflexão, debate e trocas sobre os caminhos possíveis para a construção da qualidade da educação. Em paralelo, também será realizado o 16º Congresso Internacional de Educação Popular, 3º Seminário Internacional Sindical – 2º Núcleo do CPERS/Sindicato, e o 3º Seminário Internacional de Educação Profissional do Instituto Federal Farroupilha.

O evento é promovido por Mobrec-SM, Instituto Federal Farroupilha, CPERS e Secretaria Municipal de Educação. O Seminário ainda conta com o apoio de UFSM, governo do Estado do Rio Grande do Sul e Projeto Esperança/Cooesperança.

Confira a programação no site www.mobrec.com.br.

Entrevista 

“A intenção do governo é realmente privatizar a escola pública”, afirma a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer

Como a senhora avalia a greve da categoria até este momento?

Avalio que temos uma boa resposta da categoria em relação a greve. Neste ano, especificamente, temos o diferencial dos nossos alunos nas ocupações das escolas. Por onde tenho andado, fico encantada e muito orgulhosa dos alunos das escolas públicas estaduais do Rio Grande do Sul. Estamos vendo jovens e crianças críticos, posicionando-se de uma maneira muito clara e muito forte em defesa da educação pública. Eles estão organizados de maneira horizontal e com um cuidado especial com as escolas ocupadas. Isso demonstra que podemos ter uma grande esperança na próxima geração, pois eles serão muito mais cidadãos que a minha geração e a geração atual.

Há uma nova rodada de negociação marcada com o governo do Estado?

Não. O governo do Estado não nos chamou mais para negociação. E é importante dizer que nas duas primeiras reuniões que tivemos eles reafirmaram a mesma coisa e quando exigimos a terceira (rodada), eles simplesmente entregaram uma ata das reuniões anteriores.

O governo está agindo para desocupar as escolas. Como a senhora analisa esta postura?

Eu vi que hoje o governo está entregando para os estudantes uma proposta para desocupação das escolas. Estou muito preocupada porque o governo aponta que vai atender a questão do repasse das verba das escolas, da merenda (que atribui ao governo Federal o problema do valor) e também de recuperação das escolas (infraestrutura). Porém, o Estado reafirma, assim como reafirma para nós, que não retira o PL 44, que vai segurar por 90 dias, e que não vai pedir regime de urgência. Fica muito claro para nós que a intenção do governo é realmente privatizar a escola pública. Até porque se arrumar agora fica mais fácil para entregar. E quando o Estado não aponta nenhum reajuste salarial, fica claro também que entregando as escolas para organizações sociais muitos professores não terão mais espaço e nem onde dar aula no Estado. Portanto, não seria uma preocupação atual do governo.

Qual deve ser a postura da categoria frente a este impasse?

Queremos chamar atenção de nossos colegas, principalmente, daqueles que ainda não entraram para a greve, muitos com temor porque são contratados ou estão em estágio probatório. O temor tem que ser muito maior, pois os primeiros que serão demitidos serão os que têm contratos emergenciais ou estágios probatórios. Mais do que temer, este é um momento de ousadia. É o momento de fechar a escola, cruzar os braços e ajudar a pressionar para que o governo realmente atenda a nossa pauta.

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