O campo ignora Brasília – por Carlos Costabeber

Enquanto o país está paralisado pela crise politica e econômica, o “Brasil que dá certo” vive um momento de rara euforia. É o agronegócio, que mais uma vez fatura bilhões de dólares em exportações, irrigando a nossa combalida economia. Parece estranho, mas “o campo não está nem aí” para o que acontece em Brasília! Felizmente existem “dois Brasis”: um em profunda recessão e que vem na contramão dos demais países, e outro que se tornou uma potência mundial na produção de alimentos.

Enquanto as regiões metropolitanas sofrem com a crise e com o desemprego crescente, as cidades próximas às regiões produtoras vivem uma fase de relativa euforia. É o dinheiro do campo que está chegando! E vou dar dois exemplos na minha atividade: (1) hoje o fluxo predominante nas distribuidoras de veículos é de produtores rurais (normalmente a família vem junto para decidir a compra), e por consequência, (2) em junho só a minha empresa vendeu mais pick-ups do que a soma de todos os demais modelos de automóveis. Não lembro de nenhum outro momento parecido com esse.

Pudera! Apesar do fenômeno “El Niño” ter causado um grande estrago nas lavouras da região centro-oeste do Estado (com excesso de chuvas tanto no plantio como no momento da colheita), as Missões e a região do Planalto foram favorecidas pelo regime de chuvas, tendo alcançado uma superprodução de soja e milho. Mas não basta produzir muito, se os preços não forem estimulantes! Só que em 2016 as commodities agrícolas (incluindo o arroz gaúcho) se valorizaram bem acima do previsto, puxadas principalmente pela demanda firme da China. E mais: os preços subiram em plena safra, quando normalmente ocorre uma tendência de queda. E o preço do adubo importado, insumo básico da agricultura, caiu pela metade. Tudo está dando certo!

Acredito, pois, que Deus “tenha um pezinho” por aqui, pois no momento mais difícil por que passa o Brasil, o agronegócio só tem trazido resultados positivos, mesmo sofrendo com a situação critica da nossa infraestrutura. Salve, pois, o homem do campo, que trabalha de sol-a-sol, sempre de olho nas previsões do tempo e dos preços agrícolas. São os verdadeiros heróis desse nosso Brasil.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que você vê aqui é de Reprodução da internet.