Coluna

O cara do ‘stop-motion’ – por Bianca Zasso

bianca aEntre os muitos monstros que já se fizeram presentes nos textos desta que vos escreve, o japonês Gojira está entre os preferidos. O motivo é que, mesmo que seu lançamento tenha sido em 1954, o lagarto que surge das profundezas do oceano e destrói a cidade de Tóquio no filme de Ishiro Honda rende assunto até hoje, em pleno tempo da computação gráfica.

A produtora independente Obras-Primas do Cinema fez a alegria dos fãs quando lançou o box Godzilla Origens contendo, além da produção de Honda, a montagem americana (que contém cenas do original nipônico) Godzilla – O Rei dos monstros e O monstro do mar, de 1953. Se o prezado leitor está se perguntando o que um sci-fi lançado pela Warner Brothers está fazendo num pacote dedicado ao Godzilla, lá vai a resposta: a criatura do filme está entre as inspirações para o nosso monstro da terra do sol nascente.

bianca bDirigido por Eugène Lourié, O monstro do mar narra a batalha do cientista Tom Nesbitt para provar que um teste nuclear trouxe de volta à vida um dinossauro e que o tal monstro é o responsável pelos ataques ocorridos em alto mar no Ártico e no Canadá. Auxiliado pelo paleontólogo Dr. Elson e sua bela e dedicada assistente (afinal, os anos 50 exigiam mocinhas recatadas e científicas), Tom quer provar que a criatura que viu durante sua expedição não era uma miragem. A trama é simples, mas o que torna O monstro do mar inesquecível são as habilidades de um então jovem criador de efeitos especiais.

Ray Harryhausen nasceu em Los Angeles e passou a se dedicar à produção de arte na década de 40. Jasão e o vale do ouro, Simbad e o olho do tigre e a versão de 1981 de Fúria de titãs, marcaram a infância de muita gente que frequentava matinês onde rolava muito cinema de gênero. Discos voadores, ciclopes e gigantes eram suas especialidades, todos criados utilizando a técnica conhecida como stop-motion. Utilizando bonecos feitos de massinha e outros materiais maleáveis, Harryhausen criava movimentos realistas e que, quando mostrados na tela grande, impressionavam o público dos 8 aos 80 anos.

Ser responsável por cada pequeno movimento, seja de um esqueleto ou de um dinossauro criado nos mínimos detalhes, é uma arte e tanto. Seus efeitos ainda impressionam e cineastas como Tim Burton e Sam Raimi são fãs confessos de Harryhausen. Steven Spielberg chegou a cogitá-lo para conduzir os efeitos especiais de Jurassic Park. Porém, os anos 90 estavam mais interessados em novas tecnologias para garantir a bilheteria milionária.

Ray Harryhausen fez uma geração inteira sonhar e ainda arrumou tempo para produzir seus próprios filmes e até dar sugestões para os roteiros alheios. A sequência na montanha-russa de O monstro do mar foi ideia sua e é lembrada até hoje por ser uma das mais bem conduzidas de sua época. Mesmo que este mestre tenha nos deixado (ele faleceu em 2013), suas criações o fazem eterno. Se num futuro não muito distante, estivermos diante da imagem de monstros ultrarrealistas, devemos lembrar de um garoto chamado Ray.

O monstro do mar (The Beast from 20,000 Fathoms)

Ano: 1953

Direção: Eugène Lourié

Disponível no box Godzilla Origens

Distribuição: Obras-Primas do cinema

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