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Coluna

Anotações de Chaplin – por Bianca Zasso

bianca a“Ser cineasta é ter sempre projetos na gaveta.”

A frase acima, atribuída ao inglês Alfred Hitchcock cai como uma luva para definir a trajetória de outro inglês tão talentoso quanto o nosso amigo rechonchudo. Charles Chaplin criou maravilhas como Luzes da cidade, O grande ditador e Tempos modernos, mas um lançamento recente no mercado brasileiro mostra que ele poderia ter nos dado muito mais e ainda explica como surgiram cenas icônicas de sua filmografia.

O DVD O Chaplin que ninguém viu, lançado este mês pela distribuidora Obras- primas do cinema, apresenta três episódios feitos para a TV inglesa em 1983 contendo cenas até então inéditas de bastidores e também planos cortados das versões finais dos filmes de Charles Chaplin. Sempre discreto, ele nunca se deixava filmar enquanto trabalhava atrás das câmeras, mas os diretores Kevin Brownlow e David Gill tiveram acesso a um material raro, que possibilita ver Chaplin testando movimentos, conduzindo atores e discutindo com seu operador de câmera. É uma experiência e tanto para a geração que cresceu admirando a imagem mágica do vagabundo atrapalhado criado por ele. Tudo isso com a narração charmosa do ator James Manson.

Bem conduzido, O Chaplin que ninguém viu, coloca luz sobre uma faceta pouco conhecida do gênio. Seus roteiros simples e precisos, na verdade nunca existiram no papel. As latas de filmes desvendadas pelos documentaristas revelam que Chaplin não se valia do improviso apenas para criar suas piadas visuais, mas em todos os quesitos do processo de filmagem.

O enredo do curta-metragem O imigrante, por exemplo, só ganhou forma depois de muitas tomadas do encontro de Carlitos com a protagonista Edna Purviance em um café. Chaplin tinha a ideia da cena, mas não do filme completo. Horas de filmagens, algumas trocas de elenco e uma pergunta deram um passado para a personagem e também um norte para a então incógnita que ele filmava. É apenas um dos muitos caminhos tortuosos para criar momentos brilhantes que o filme apresenta.

bianca bNem só de imagens de arquivo se faz O Chaplin que ninguém viu. Há depoimentos gravados especialmente para a minissérie com colaboradores do cineasta, como sua primeira esposa Lita Grey e o eterno garoto Jackie Coogan. Descobrimos por suas falas que, mesmo vivendo a liberdade de ser dono do próprio estúdio, Chaplin tornou-se mais perfeccionista, do tipo que não sossega até encontrar a ideia que considera ideal. E elas existiam aos montes não só em sua mente, mas também nas películas que ele gastava sem dó.

Economia e cronograma cumprido não eram seus fortes. Mas se Chaplin não era o mais certinho dos criadores, também não esquecia seus negativos. A semente de cenas imortais como a dança dos pãezinhos de Em busca do ouro estava guardada num vídeo caseiro. Os rolos e mais rolos usados funcionavam como bloco de anotações para Chaplin. Ele sabia que nem que fosse uma piada, uma mudança de tom ou mesmo uma ideia de figurino seria aproveitada.

Que Chaplin é gênio não se pode negar, mas o documentário O Chaplin que ninguém viu é uma amostra de que até a genialidade tem o seu processo e que nada nasce ao acaso, muito menos as cenas que já estão enraizadas em nossas memórias. Mesmo sem ter função didática, é um filme obrigatório para quem quer aprender sobre cinema. E uma dose de otimismo para quem pensa que nunca terá uma boa ideia.

O Chaplin que ninguém viu (Unknown Chaplin)

Ano: 1983

Direção: Kevin Brownlow e David Gill

Disponível em DVD pela Obras-Primas do Cinema

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