Revolução Russa. No debate, o rebate à idéia de que foi movimento comandado por psicopatas
Quem tem razão, não sei. Nem é o caso de entrar pessoalmente no mérito. Mas, imagino, que em algum momento o julgamento da História se dará com maior isenção. Nem que seja a do tempo. O fato é, porém, que se trata de um dos mais importantes acontecimentos do século XX. Tanto no seu início quanto no final, com a queda do Muro de Berlim. E, como tal, merece ser devidamente discutido.
Foi o que aconteceu no debate acontecido na noite de segunda-feira, como parte da promoção Cultura na Sedufsm, da Seção Sindical dos Docentes da UFSM. A seguir, você lê o relato do encontro, que teve a participação, entre outros, do professor Luiz Dario Teixeira Ribeiro (foto), da UFRGS. O texto é do jornalista Fritz Nunes, da assessoria de imprensa da Sedufsm. Ele é também o autor da fotografia. Confira:
Historiador defende importância da Revolução Russa
na constituição da identidade do século XX
Luiz Dario Ribeiro falou na segunda, 8, durante o Cultura na SEDUFSM
A Revolução Russa de 1917 foi a maior tragédia enfrentada pela humanidade. Foi um movimento comandado por psicopatas que ficaram mais de 70 anos no poder. Essas frases iniciais foram do professor Luiz Dario Teixeira Ribeiro, do curso de História da UFRGS. Após deixar boa parte dos cerca de 100 espectadores da palestra estupefatos, Luiz Dario sorriu, dizendo que esse tipo de análise sobre o movimento empreendido pelos bolcheviques na antiga Rússia é feita pelos conservadores, de direita, os pretensos democratas. A visão do historiador, que participou da edição de outubro do Cultura na SEDUFSM, nesta segunda, 8, é de que a Revolução Russa teve um papel fundamental para a identidade do século XX.
O levante que levou os socialistas ao poder, em outubro de 1917, é responsável, conforme o professor da UFRGS, pela democratização da política e do poder em todo o planeta. Do ponto de vista econômico, segundo ele, teve como efeito a transformação da Rússia de um país semi-feudal numa das potências econômicas mundiais, que se desenvolveu celeremente nos anos 20 e 30, sendo pouco afetada pela crise de 1929, que teve repercussões em todo o mundo. Foi a rivalidade entre Estados Unidos e a já URSS, segundo Luiz Dario, que obrigou o governo norte-americano a instituir a política do New Deal, em que o Estado investiu maciçamente e garantiu direitos sociais para que o campo capitalista não se deteriorasse com a crise, abrindo espaço para a insurgência da esquerda na América.
No período pós-guerra (depois de 1945), a influência da Revolução Russa continuou de tal forma que em várias partes do globo eclodiram os movimentos de libertação nacional, em especial, em países da Ásia e da África, analisou Luiz Dario. A herança em termos de organização e democracia levou a que o mundo se dividisse, no final da Segunda Guerra, em campos capitalista e socialista. Também pode ser colocada na cota de efeitos do regime socialista soviético a implementação, mesmo no mundo liberal, de direitos como o do voto universal (cada pessoa, um voto), o da seguridade social (previdência, assistência, saúde) como dever do estado, o que inclui também a Educação. Enquanto a Revolução Francesa mostrou limites claros, pois apenas os que possuíam renda eram considerados possuidores da cidadania, no Socialismo os direitos passaram a ser universalizados e, especialmente, os dos trabalhadores, afirma o historiador.
DERROTA– Para Luiz Dario Teixeira Ribeiro, o Socialismo com base na Revolução Russa sofreu uma derrota histórica em 1991, com o fim da União Soviética. Histórica, segundo ele, porque é transitória, não necessariamente definitiva. Para o educador, é digno de elogio o fato de que aquele país resistiu bravamente durante mais de 70 anos ao cerco promovido pela aliança dos países capitalistas. Os pontos positivos da Revolução Russa também fora abordados pelo professor Sérgio Prieb, diretor da SEDUFSM e do curso de Economia da UFSM, que participou como debatedor da mesa promovida pelo Cultura na SEDUFSM. Ele citou alguns números, entre os quais, que em 1959 a então URSS possuía 98,5% da sua população alfabetizada. Na década de 1930, no chamado período da Grande Depressão, enquanto a União Soviética, isolada do mundo capitalista, obtinha crescimento expressivo, os Estados Unidos, por exemplo, tinham uma queda na produção industrial de 49%.
A professora de História da UFSM, Gláucia Konrad, outro debatedora do evento, destacou alguns dos reflexos da Revolução Russa no Rio Grande do Sul, inclusive em Santa Maria. Citando um livro do escritor Moniz Bandeira (entre outros autores), O ano vermelho, Gláucia enumerou trechos publicados de matérias jornalísticas publicadas pela imprensa brasileira que, na verdade, funcionavam mais como desinformação do que como uma informação real do que se passava no país socialista.
Diorge Konrad, professor de História da UFSM, presidente do sindicato docente e coordenador da mesa de debates, deu a sua colaboração na abordagem. Referindo-se a uma pergunta feita na platéia sobre possíveis causas do fracasso histórico do socialismo na antiga URSS, ele enumerou alguns dos pontos que considera relevantes, frisando que não são os únicos. Dentre algumas das causas apontadas…
SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem Historiador defende importância da Revolução Russa na constituição da identidade do século XX, de Fritz Nunes. E neste link , outras informações oriundas da assessoria de imprensa da Sedufsm.
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