Fim das férias – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

Bem antes do despertador tocar, ainda no fim do dia de domingo, a casa já está com outra atmosfera. As crianças estavam cabisbaixas e com beiço, como diria os mais

grossos. Ouvia-se apenas lamúrias e reclamações, o som das risadas ficaram para os dias anteriores. Até mesmo doenças imaginárias e previsões de mal-estar futuro surgiam diante da perspectiva do amanhecer sombrio da volta às aulas.

Bem que gostaria de voltar muitos anos no tempo e estar nesta iminência. Voltar ao dia de sentar-se nos bancos colegiais. Rever seus velhos e antigos colegas, muitos ainda lhe são amigos. Relembrar a professora mais querida e o ambiente escolar. O som da sineta, a cantiga entoada pelas crianças pequenas do ‘prézinho’, a hora da merenda, as brincadeiras do recreio… Queria ouvir novamente o discurso do diretor que falava: ‘Amanhê’. Estar diante do professor que contava piadas em plena aula de biologia. Rir com as confusões da professora genial de matemática que pensava mais rápido que sua mão e o giz.

Tempos áureos de cadernos, lápis e canetas sincronizados. Emoções das provas surpresas e comoção na hora da entrega das notas. Apresentação dos teatros e de trabalhos. Cumplicidade de segredos estratégicos. E quantos passeios escolares eram desculpa para namoricos inocentes.

Enquanto os pensamentos viajavam através do tempo e do espaço o coração palpita com os sentimentos lembrados, foi um tempo vivido aos segundos e minutos e a mente levita em êxtase e harmonia com seus registros intocáveis.

Sabia que eram momentos idos e passados, porém estavam prestes a serem repetidos por esta nova geração de crianças e adolescentes sonolentos, reclamadores e inexperientes. Restava apenas incentivar para que aproveitassem o dia de amanhã. Que curtissem seu tempo de estudante e aprendessem com as lições da escola, pois são mais leves que as do mundo adulto.

Precisava, com necessidade, inculcar nas mentes jovens destes pequenos aventureiros o dever de querer reter o conhecimento lhes era ofertado hoje, para que não precisassem buscá-lo outra vez mais tarde e a grandes custas. Quem sabe contar as alegrias e façanhas, fazê-los sentir a euforia que sentiu. Mas, preferiu oferecer o beijo e o abraço, o conforto do leite quente e do desejo de boa noite. A previsão do tempo falava em sol e calor para a manhã daquele novo dia de recomeço…Eles descobrirão, ao seu próprio tempo e com suas próprias experiências, como é bom viver estes dias!