A maior decepção de Cezar Schirmer – por Maiquel Rosauro
Este é, provavelmente, o primeiro texto que você lê no qual Cezar Schirmer não é mais prefeito de Santa Maria. Desde a meia-noite, oficialmente, o comando do Executivo santa-mariense está nas mãos de José Haidar Farret.
Como cidadão, tenho sérias ressalvas com relação ao governo Schirmer (creio que se ele não tivesse interferido, o Hospital Regional já estaria funcionando sob controle da EBSERH e até hoje não entendo como ele não foi, mesmo que indiretamente, responsabilizado pelo incêndio na Kiss).
Como jornalista, minha avaliação é mais positiva do que negativa. Isso porque o ex-prefeito sempre buscou manter uma relação próxima com a imprensa local, embora ele também tenha suas críticas aos veículos de comunicação da aldeia.
Mas é durante as entrevistas que ele demostra ser um político diferenciado. Pensa antes de responder e nunca costuma fugir de uma questão. Suas frases de efeito fazem a alegria dos jornalistas (neste quesito, apenas Jorge Pozzobom o supera) e sempre que precisei esteve disposto a ouvir meus questionamentos, por mais complexa que fosse a pauta.
“Não estou te declarando isso”, me disse algumas vezes quando precisava esclarecer melhor determinado assunto. “E tu quer que eu te responda isso assim, em poucas palavras?”, perguntou outro dia quando comecei uma entrevista por telefone com uma questão polêmica.
Eu, geralmente, gosto de manter minhas fontes por perto. Em uma pauta, após conseguir as informações que preciso, tenho por hábito deixar a porta aberta para outros assuntos, pois geralmente uma pauta leva a outra… Com Schirmer não é diferente.
Há algumas semanas, após uma entrevista sobre um evento do Executivo, conversávamos sobre economia. Eu explicava que nos últimos anos havia atuado com publicações voltadas ao agronegócio e que não observava uma diversificação de culturas significativa na região. Além de concordar, ele explicou como Santa Maria ainda precisa importar toneladas de diversos produtos primários que poderiam ser produzidos no município.
Saindo do campo para a cidade, ele logo me questionou:
“Sabe qual a minha maior decepção enquanto prefeito de Santa Maria?”
Imaginei que ele fosse falar sobre algum entrave político, mas sua resposta foi direta.
“A falta de apoio do empresariado local”.
Ele ressaltou que os empresários não querem ganhar dinheiro, citando como exemplo a falta de interessados em investir na criação de uma empresa para gerir a água e o esgoto em Santa Maria e a ausência de parcerias na Linha Turismo (ônibus especial que circula nos principais pontos turísticos de Santa Maria).
Apesar de ter uma microempresa e não possuir capital para grandes investimentos, considero que Schirmer tenha razão em seu desapontamento. De forma geral, vejo diversos santa-marienses com capacidade para investir mais na cidade. Porém, creio que questões políticas e a falta de uma cultura empreendedora sigam falando mais alto e impedindo grandes avanços em Santa Maria.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto é de Luiz Chaves, do Palácio Piratini.
Faltou-lhe apoio pelos empresários? O prefeitinho se vingou e não apoiou a cidade, dando-lhe as costas.