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MEMÓRIA. Para Paulo Roberto, por Márcio Fernandes

paulo araújoSeria impossível ao editor publicar todas as manifestações recebidas, de homenagem à memória de Paulo Roberto Araújo, uma verdadeira referência para os profissionais em jornalismo formados pela UFSM. Mas também seria injusto não publicar sequer uma. Então, aí vai:

Para Paulo Roberto

Por MARCIO FERNANDES (*), com foto do Feicebuqui do Paulo Roberto

Por muitos meses, a quarta-feira me era o dia mais cansativo e mais fascinante da semana. Pela generosidade de Claudemir Pereira, eu já havia iniciado nas lides diárias do Jornalismo, como um repórter em A Razão. A quarta-feira começava bem cedo, na Redação do jornal. Mas a manhã ainda nem bem aparecia e eu já tinha de tomar um ônibus lotado para Camobi, em busca de assistir as aulas de alguma disciplina. Na hora do almoço, fazia o sentido contrário – outro ônibus, nova lotação, viagem em pé (sempre havia uma boa alma que segurava a pasta ou mochila) e retorno à Redação d’A Razão. Outro punhado de horas depois e era chegado o instante de retornar à Cidade Universitária, ao prédio onde ficava a Reitoria, aquele edifício onde, quase no topo, estava a Rádio Universidade AM 800. Afinal, era uma quarta-feira e tínhamos de, ao vivo, levar ao ar mais uma edição do Radioativo, o mítico programa que Paulo Roberto de Araújo nos ensinou a produzir. Não raro saímos de lá bem depois das 20h, após uma detalhada avaliação de cada programa. Eram quartas-feiras exaustivas mas, sobretudo, especiais. A magia do Jornalismo o dia todo em nossas cabeças e corações.

Nunca fui um especialista em Rádio mas, se hoje sou o que sou em matéria de Radiodifusão, devo a Paulo Roberto. Tenho 43 anos e, graças a Deus também, creio não ter perdido a alma de repórter. Na docência há algum tempo, tento passar diariamente isso a meus alunos. Leciono, com gosto, em uma universidade pública, tal qual a UFSM. Mais de duas décadas depois de ter sido discípulo de Paulo Roberto, enfrentamos em escolas públicas alguns dos mesmos dilemas daquela época – infraestrutura que poderia ser mais adequada, sonhos que não deixamos desaparecer e a vontade de querer produzir melhor sempre. Fiz parte de uma geração que levava ao ar, às quintas, o Ciência no Ar. Que tinha aulas em uma sala com um punhado de máquinas de escrever e uma mesa de som que ainda provoca saudades. Fiz parte de uma geração que, ao lado de outras (predecessoras ou posteriores), aprendeu com quem muito sabia e, especialmente, tinha o dom e o gosto de ensinar.

Agora, o desaparecimento físico de Paulo Roberto deixará Santa Maria mais triste e, paradoxalmente, irá reavivar as memórias e lembranças de dezenas, centenas de seus aprendizes de diversos tempos, como bem escreveu Claudemir em seu portal. Na Facos, tive excelentes professores, expoentes que continuam a ser em seus segmentos: Gaspar me orientou no TCC e esteve em minha defesa de doutorado; Ada, Veneza, Rogério e Eugênia são alguns dos nomes que me apresentaram meandros fundamentais das Ciências da Comunicação. Devo a Jorge a primeira oportunidade de monitoria, em Planejamento Gráfico. Há outros tantos que poderia e deveria mencionar aqui mas a quem peço licença (assim como aos que nominei acima) para hoje reconhecer o talento de Paulo Roberto.

Obrigado, mestre. De verdade, obrigado. Mestre.”

(*) Márcio Fernandes é jornalista formado pela UFSM e hoje professor na Universidade Estadual do Paraná.

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Um Comentário

  1. Márcio, que gratificante ler teu texto. Eu, que da redação da Rádio acompanhava todas estas rotinas, assino embaixo!

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