Não pare! – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

Sentia o frio do vento cortando sua boca e a ponta de seus dedos, enquanto a umidade do ar colava seus cabelos e molhava suas roupas junto ao seu corpo suado e cansado. Não iria desistir e tão pouco ficaria no meio do caminho, sentindo-se derrotado ou com pena de si mesmo.
Mal podia levantar os olhos e nem mesmo pensava em recuar ou parar a marcha. Corria em suas veias um sangue quente que fervia em sua mente a vontade de vencer e prosseguir. Nada podia parar ou diminuir a vontade de continuar esta luta.

A cada passo sua mente mantinha o foco na linha de chegada e nos objetivos traçados pela sua vontade. A fome, a sede e o cansaço exerciam poder sobre seus músculos e esqueleto, porém, nada poderia ser mais poderoso sobre ele como o seu próprio ser.

O tempo é medido aos segundos e minutos, porém ele sabia que horas e dias são apenas uma forma de se contar espaços, então, mesmo que se passem meses, anos e eras, tudo não passará de medidas ultrapassadas e registros.

A dureza da batalha é quem forja o brio do soldado. O valor da prata é testado pelo calor do cadinho. A mordida na moeda atesta a veracidade do ouro. Um homem não pode estabelecer para si um preço, a menos que seja avaliado e comparado com outro de mesma formação, mas, quem seria igual a ele? Poderia ele mesmo atribuir a si um valor ou justificar o quanto vale seu irmão?

O sol erguia-se entre os montes e elevava o calor do ar que o cercava. Apressava o andar e mantinha o foco no objetivo. Mais do que nunca, com o dia raiando não podia perder seu alvo de vista e tinha a certeza de que a linha de chegada estava mais perto do que nunca.

A dor, as bolhas, as intempéries, o desconforto, seu coração e tudo o mais lhe diziam para desistir, porém o seu amor à vida, seu orgulho, sua mente e seus alvos lhe davam força para avançar colina à cima, rumo ao nascer de um novo dia. A vitória estava a sua frente, ele não sabia quanto, mas, por ter corrido e avançado por tanto tempo e por ter deixado para trás tantas barreiras não poderia desistir agora…

No alto do monte ele viu o quanto ainda teria que lutar. Ainda não podia avistar o fim de sua jornada, mas já ultrapassara o meio da prova. Até a linha de chegada havia muitos obstáculos e batalhas para se travar, porém, o que ganharia por ficar parado no meio do caminho?

Juntou suas forças e reuniu seus motivos. Agregou seus desejos e lembrou-se de seus amados. Continuou o passo, acelerando ainda mais a sua marcha. Não chegou ao seu limite pois sabia que ao encontrar-se com ele chegaria ao fim de sua corrida!