Artigo. Em tempos de Natal e Ano Novo, Gilson Piber fala de despedidas. E encontros
Excepcionalmente, estamos publicando aqui – e não na caixa específica – o artigo semanal de Gilson Piber. Ainda esta semana, o texto já estará no local a que você se habituou.
Enquanto isso, confira o artigo desta semana do jornalista, radialista e professor do curso de Jornalismo da Unifra. É, também, mestrando em Ciências da Linguagem, que cursa na Unisul, em Santa Catarina.
Confira:
Encontros e despedidas
Finalizei, na manhã de quarta-feira, 19 de dezembro, a turnê rodoviária entre Santa Maria-Florianópolis-Santa Maria para assistir às aulas do primeiro semestre do curso de mestrado em Ciências da Linguagem, na Unisul (SC). De julho a dezembro, observei uma variedade de sentimentos dos demais colegas passageiros. É incrível, mas as pessoas sorriem efusivamente no encontro e choram copiosamente na despedida. É um misto de satisfação para quem espera a chegada e de tristeza para quem está de partida. São incontáveis os beijos, os abraços, os apertos de mão, os acenos e as lágrimas, entre os viajantes e os ficantes.
Percebi que uma das cenas mais doloridas é quando o (a) filho (a) vai e os pais ficam. Há um sentimento de dupla perda, causado pela incerteza e saudade de ambos os lados. Não importa se quem vai, vai para algo melhor. Quem fica, chora, talvez não só de tristeza, mas de emoção por ver um ente tão próximo partir, sem data certa para regressar.
Confesso que a maratona de viagens já me entristecia após o tradicional almoço familiar de domingo. Deixar minha mulher e meu filho, mesmo que só por dois dias, é algo que aperta o peito e gera um mal-estar. Isso sem falar no fato de encarar 1.600 km semanais de ida e volta pela BR-101, rodovia que está sendo duplicada e, no momento, apresenta uma série de armadilhas para os motoristas. Passei a admirar, ainda mais, os condutores de ônibus, pela coragem, competência, tolerância e persistência em enfrentar pistas aquém das condições mínimas e desafios diversos.
Na última viagem, tive como colega de banco uma senhora de aproximadamente 80 anos. Viajava sozinha. Trazia consigo uma bengala. Conversamos pouco, já que o sono tomava conta de ambos. Porém, senti muita firmeza e lucidez na senhora, que desceu quatro vezes do veículo, apoiada na sua bengala. Entre Criciúma e Araranguá, uma pedra arremessada por um irresponsável e covarde quebrou uma janela do ônibus. Foi um alvoroço por causa do barulho. Ninguém ficou ferido, mas o susto foi grande. A experiente senhora pediu calma a todos e, depois de alguns minutos de debate, o silêncio voltou e a viagem seguiu. Em Sombrio, foi feito um remendo com um tapume na janela atingida e, em Santa Cruz do Sul, houve a troca de carro. Todos chegaram sãos e salvos em Santa Maria.
A descrição feita fala em viagens, encontros, despedidas, dores, alegrias, experiência, entre outros aspectos. Estamos na reta final de 2007, com o Natal e o Ano-Novo chegando. Como está a nossa viagem ou o nosso deslocamento aqui na Terra? Estamos nos encontrando ou nos despedindo mais das pessoas? Nossas dores e alegrias estão equilibradas? Nossa experiência tem servido para somar mais em vez de dividir? Estamos ouvindo as pessoas mais experientes e dando, a elas, o real valor?
Que tipo de mundo queremos para nossos filhos e netos? Afinal, estamos fazendo a nossa parte para evitar, sobretudo, um colapso social?
Entre idas e vindas, muitos partirão e outros, chegarão. Que as estradas tenham condições de não só diminuir as distâncias, mas, principalmente, unir e preservar os seres que nelas transitam.
Feliz Natal!
Gilson Piber – gilsonpiber@yahoo.com.br
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