Primo rico, primo pobre – por Carlos Costabeber
Os leitores da minha geração ainda têm na memória o programa humorístico da Rede Globo, em que os personagens Paulo Gracindo e Brandão Filho faziam o papel de “Primo Rico” e “Primo Pobre”.
Pois vou usar essa expressão para comparar o Orçamento da Prefeitura de Santa Maria e o da nossa Universidade Federal.
Por serem números de conhecimento público, seguidamente são feitos comentários a respeito do tema. Mas nesse espaço pretendo fazer uma comparação diferente. Senão vejamos: a Universidade ocupa uma área muito pequena, comparado com a zona urbana de Santa Maria.
Digamos que a UFSM represente apenas 5% dessa área urbana, MAS TEM UM ORÇAMENTO DUAS VEZES MAIOR DO QUE O MUNICIPIO. Enquanto a cidade tem um Orçamento de 600 milhões para 2015, SOMENTE A FOLHA DE PAGAMENTO DA UNIVERSIDADE PARA 2015, É DE MAIS DE 1 BILHÃO DE REAIS (incluindo o HUSM/EBSERH).
É uma dicotomia impressionante, dentro de uma mesma cidade. Um fato raro e atípico, que só poderia acontecer em um país marcado pelas disparidades como o Brasil.
Enquanto a Prefeitura tem de atender 300 mil habitantes, a UFSM tem mais do que o dobro de recursos para cerca de 5.000 funcionários (1.800 professores e 2.800 servidores) e 30.000 alunos.
Um cálculo grosseiro mostra que a Prefeitura dispõem de APENAS 2.000 REAIS POR HABITANTE, enquanto na UFSM o valor sobe para impressionantes 30.000 REAIS PARA CADA SERVIDOR/ALUNO. Vejam pois a distância real entre dois orçamentos públicos, dentro de uma mesma cidade.
São duas as conclusões dessa comparação: (1) A cidade tem um Orçamento insuficiente para atender à crescente demanda de uma população de 300 mil habitantes; e (2) Santa Maria tem uma dependência gigantesca de sua Universidade Federal. Imaginem o que seria de nossa cidade sem a UFSM, com sua imensa capacidade de geração de conhecimento, qualidade de vida da nossa população e seu imenso poder multiplicador.
Por isso, a gratidão de todos os santa-marienses, para com esse conterrâneo que teve a visão e a coragem de criar uma Universidade Federal no interior do Brasil: MARIANO DA ROCHA. Um legado que colocou a nossa cidade no cenário mundial, e com perspectivas cada vez mais animadoras.
Graças à presença da UFSM, Santa Maria se tornou um polo comercial e prestador de serviços de fazer inveja. Além de formar profissionais qualificados, e gerar tecnologias, INJETA NA ECONOMIA DA CIDADE MAIS DE 1 BILHÃO DE REAIS EM SALÁRIOS TODO ANO.
Para encerrar, ficam três desafios: (1) Como a cidade pode “usufruir” ainda mais dos recursos públicos trazidos pela Universidade ?; (2) Precisamos continuar trabalhando pelo desenvolvimento da cidade, para gerar mais recursos públicos locais; e (3) Já que a Prefeitura tem limitação orçamentária, deve administrar com muita competência o dinheiro de que dispõem.
Para a felicidade geral da nação brasileira, e em especial de Santa Maria, VIVA A UFSM!
Não chega a um bi. Algo entre 280 e 350 milhões não ficam na cidade. Pensões, precatórios, fornecedores, etc. Mesmo assim, acho que a relação é pior porque o orçamento da prefeitura tem estas mesmas rubricas.
Dr. Mariano certamente foi o líder, mas contou com a colaboração de muitos outros idealistas.
Este cenário de primo rico/pobre se repete em muitas cidades do país. Só que, ao invés de uma universidade, geralmente é uma empresa ou meia dúzia de empresas. E o orçamento de todas as prefeituras, seja de SM, seja de SP, é insuficiente para o volume de problemas.
Gerar mais recursos públicos locais só com aumento da atividade econômica, espera-se. De impostos sem retorno a população está cheia.