Arquivo

Exagerado. Liberalismo sem espaço no Brasil, com a troca do nome do PFL, diz Lembo

O ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, é um liberal. Pode-se discordar dele – e há quem, entre os seus, faça isso com certo denodo. Há quem o entenda ultrapassado, politicamente. É, talvez. Mas que ninguém duvide da sua formação democrática. Isso, não. Definitivamente, não. Como o próprio demonstrou, com dignidade, nos últimos momentos de seu governo,  que assumiu em abril, na saída do titular, Geraldo Alckmin (onde ele anda, a propósito?), que viria a ser surrado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Lembo é um democrata à moda antiga. Se é que isso existe. Acredita em liberalismo puro. O que, aí entra o meu juízo de valor, não existe. A presença do Estado é fundamental, em várias áreas. E isso existe até mesmo na pátria-mãe do liberalismo, os Estados Unidos – que o digam a previdência social e à assistência à saúde (desde que para não imigrantes, claro) dos ianques.

 

Ah, Lembo. Ele está descontente até mesmo com a troca de nome da sua própria agremiação. O Partido da Frente Liberal (denominação, de resto, muito bonita) vai virar, vai virar.. bem, os pefelês ainda não sabem. Se PD (Partido Democrata) ou DEM. Há dúvidas. PD, não querem alguns, porque a pronúncia poderia levar os comuns a chamarem-no de partido “pederasta”, veja só. E DEM… Bem, DEM poderia levar, olha só essa, alguns bobos a chamarem-no de “Demo”. È.. Pois é.

 

Mas a discussão de Cláudio Lembo é muito maior, e vai além da questão da nomenclatura. Ele discute os partidos políticos e sua ideologia, nesse excelente artigo (independente da opinião de cada um, que é livre) que publicou no site Terra Magazine, do portal Terra, e que tomo a liberdade de reproduzir. Confira:

 

“Jogados na clandestinidade

 

É longa a trajetória dos partidos políticos. Começaram como meras facções parlamentares. As personalidades, com posicionamentos afins, reuniam-se à direita ou à esquerda dos plenários. Em grupos. Estes, ao término das sessões, dirigiam-se para locais comuns.

 

Isto aconteceu na Inglaterra, após a criação da Câmara dos Comuns, e, posteriormente, na França no decorrer dos acontecimentos da Revolução Francesa.

 

Fala-se mais dos agrupamentos originários das Cortes Gerais convocadas por Luiz XVI. Eram dois: girondinos e jacobinos. No decorrer do tempo, os substantivos tornaram-se adjetivos. Girondino aponta para os conservadorismo e jacobino para os adeptos de mudanças, às vezes revolucionárias.

 

Partidos políticos de verdade demoraram a surgir. Os absolutistas não aceitavam a idéia e as monarquias constitucionais procuravam cercear a criação de partidos. A nação como um todo era conceito prevalecente.

 

Os liberais, neste contexto, desenvolveram teses em sociedades secretas e as difundiam por intermédio de jornais. Estes foram tantos e presentes em todas as partes. O Brasil não ficou isento. No decorrer do Império, a imprensa foi ativa participante na divulgação de temas liberais.

 

Os liberais, aqui e na Europa, ocuparam o cenário político intensamente. Lutaram por este valor supremo do ser humano, espelhado na possibilidade de elaborar conceitos e expô-los livremente.

 

Sabiam os liberais dos primeiros tempos que, obtida a liberdade, ocorreriam avanços em todos os cenários da vida. E foi assim. Após a presença dos liberais, surgiram os socialistas e o entrechoque das mundovisões permitiram se atingirem novas gerações de direitos da pessoa.

 

Foram séculos. Quase trezentos anos de lutas intensas. Agora, por toda a parte e particularmente na Europa latina, os partidos liberais vão desaparecendo. São extintos. Mudam de denominação. Merecem esdrúxulas refundações.

 

O Brasil não ficou de fora. Em um país onde se adora entrar na corrente, os partidos que adotavam, em suas denominações, o adjetivo liberal, correram em expeli-lo. Primeiro foi o próprio Partido Liberal. Virou o Partido da República. Agora, o Partido da Frente Liberal, surgido em momento decisivo para a conquista da liberdade, torna-se um Partido Democrático.

 

Estes acontecimentos apontam para um fenômeno estranho e grave. Os partidos passam a se dividir em dois grandes segmentos: os partidos conservadores, alguns com tendência à direita, e os sociais democráticos, recheados de comunistas arrependidos e neo-liberais de ocasião.

 

É pena. O espaço liberal permitia o equilíbrio entre as duas tendências e preservação da forte aspiração de liberdade existente em cada pessoa. Ausência de um partido de conotação liberal, no espectro partidário, leva a antever embates entre dois campos ideológicos. Ambos contam com matriz autoritária, sem que de permeio exista uma doutrina da liberdade.

 

Os poucos liberais que restam, agora sem guarida partidária, devem se agrupar, como nos primórdios da caminhada, em associações de estudos e divulgação de pensamento. O liberalismo, como em determinados momentos…”

 

SE DESEJAR ler a íntegra clique aqui.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo