Caso Renan. Veja, a vestal da imprensa pátria, que obscurece o fato, para tratar da futrica
No sentido irônico do termo, o Aurélio explica que vestal é a pessoa que se dá por muito honesta, muito pura. Não faltam vestais neste país, cá entre nós. Muitas delas com mandato eletivo. Outras que gostariam de ter. Inúmeras criticam quem tem, como se fossem diferentes. E por aí vai.
Na imprensa, a vestal por excelência é a revista Veja (você ainda não esqueceu, por certo, a forma como ela tratou a memória de Dom Ivo Lorscheister, logo após a morte dele). Acima do bem e do mal, consciência da Nação e da moralidade. E digna representante da mídia grandona que se acha a proprietária da verdade. Aquela coisa que cada um tem a sua, mas a imprensa diz proferir em manchetes, reportagens e notinhas diversas.
A Veja, relembra artigo de Deonísio da Silva (confira as sugestões de leitura, lá embaixo), chamou de ladrão o deputado Ibsen Pinheiro, o jornalista levou muitos anos mas confessou o erro, e nem assim a revista se deu por achado. Essa foi a verdade da vestal. Que, junto com outros ilustres participantes da midiona, fez o que pode para inviabilizar a candidatura, e depois a vitória, de Luiz Inácio Lula da Silva – que acabou por dar uma sova de votos no candidato vejista.
Aliás, e isso você já leu aqui, não há problema em a imprensa ter candidato a qualquer coisa. Desde que assuma isso em editorial, como fizeram, por exemplo, o jornal O Estado de São Paulo em 2002, pró-José Serra, e a revista Carta Capital, pró-Lula em 2002/2006. O questionamento é apoiar sem dizer. E forçar o noticiário como se todos fossem imbecis.
O pior é agora, em que um caso grave, a possibilidade de uso de dinheiro de empreiteira (que recebe do erário) pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, para pagar despesas particulares, é transformado num folhetim de quinta categoria. A Veja não discute a corrupção – ao contrário, nada ajuda a combatê-la -, preferindo, na prática, à trama privada da superescapada extra-conjugal de Calheiros. Obscurece um fato da maior relevância, optando pela moralidade besta.
É, como escreveu Alberto Dines (com o qual habitualmente não concordo, reconheço, mas nesta estou com ele), experimentado jornalista, a transformação da Veja em Caras – outra revista de entretenimento de granfinos, igualmente publicada pela Editora Abril. Cá entre nós, estamos mal de políticos. E pior ainda de imprensa, cada vez mais apelativa. Acredite quem quiser. Eu fora.
SUGESTÕES DE LEITURA – confira o artigo Caso Renan Calheiros – Veja com cara de Caras, de Alberto Dines, publicado pelo Observatório da Imprensa.
Leia também a notícia Caso Renan: relator não rejeita ouvir Mônica, de Leandro Colon, da sucursal de Brasília do G1, o portal da Globo.
Se desejar ler a entrevista da jornalista Mônica Velloso à revista Veja, clique aqui.
Mas, para arrematar, considero muito interessante ler o artigo de Deonísio da Silva (A lição que Veja não aprendeu), no Observatório de Imprensa. Confira aqui.
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