UFSM. Formada a primeira Indígena em Medicina
Por FELIPE MICHALSKI (texto e foto), da Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM
A noite de 9 de dezembro de 2016 ficará marcada para sempre na história da UFSM: pela primeira vez, uma estudante com origem indígena se formou em Medicina na Universidade.
Laura Feliciana Paulo, 24 anos, da etnia Terena, foi a responsável pelo feito e não conseguiu esconder a felicidade pela sua conquista durante a cerimônia de colação de grau, no Clube Dores, em Santa Maria.
Além de ter sido a primeira indígena formada em Medicina, Laura foi a primeira cotista indígena a passar no Vestibular para o curso, em 2010. Durante o período em que esteve na UFSM, ela acompanhou a evolução dos programas de assistência estudantil para a população indígena.
“Quando eu entrei na Universidade, ainda não tinha benefícios exclusivos para estudantes indígenas, até porque, na época, se não me engano, eram três cotistas e 12 autodeclarados no total. Aí, eu gozava dos benefícios gerais da UFSM. Em 2011, se não me engano, conseguimos o Benefício Socioeconômico automático para estudantes indígenas que, a partir do momento da matrícula, já conseguíamos as refeições no RU de graça e conseguimos a moradia estudantil também, sem precisar passar pela seleção. Em 2012 ou 2013, se não me engano, conseguimos a casa do estudante com os apartamentos para os indígenas em específico. Eram dois apartamentos, depois conseguimos quatro e hoje contamos com seis, se não me engano, e uma casa alugada”, relata.
Além disso, Laura conta que a UFSM sempre esteve aberta às reivindicações estudantis e ao diálogo. “A UFSM sempre foi muito aberta, tanto a Reitoria, a Prae, a Prograd, sempre estiveram muito abertas para conversar sobre qualquer coisa. Eles ajudaram muito”, afirma.
Agora formada, seus planos estão em retornar para casa, onde já teria recebido propostas de emprego. Natural da cidade de São Paulo, mudou-se ainda criança para Anastácio, no Mato Grosso do Sul. Lá, cerca de 80 famílias terenas vivem em uma aldeia urbana no município.
Estima-se que a população terena no país seja de 50 mil e que eles estejam distribuídos nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
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Triste morarmos num país em que isso é notícia.
Triste é morarmos num país em que a educação pública não é de qualidade e não é universal (não é obrigatória para todos, independente da cor da pele, origem cultural, orientação sexual ou o tamanho do pé).
Porque se fosse de qualidade, se fosse obrigatória, como deveria ser num país decente, todos os anos, por esforço próprio, por competência merecida, entrariam e se formariam nas universidades pessoas de todas as “cores”, “matizes”, classes sociais, origens culturais, na forma mais natural possível, por serem bons, por terem se esforçado, por terem aprendido, por terem competência, por terem competido de forma igual e terem provado que mereceram entrar nos cursos superiores, sem precisar de cotas, não por serem de cor azul ou dançarem a dança da chuva. Precisamos da ótima situação educacional formacional que predispõe a real justiça, feita pelo esforço e pelo mérito individual, porque na essência de todos terem as mesmas oportunidades de formação, todos sabem ganhando. É boa para todos, boa para o país, porque todos são nivelados por cima, com uma educação que não deixa analfabetos funcionais a “verem navios de oportunidades passando”, pelo resto da vida.
Então repito, se esse país fosse decente e tratasse todos os seus alunos de forma meritória, dando educação de qualidade, esse fato não seria notícia. É, exatamente porque nossa educação de base não é meritória e nem todos vão à escola. E quando vão, em muitos lugares é tão ruim que se formam analfabetos funcionais.
A nossa realidade: “treze milhões de adultos analfabetos, 33 milhões de adultos analfabetos funcionais – que reconhecem números e letras, mas não as interpretam – e 2,8 milhões de crianças entre 4 e 17 anos fora da escola”.
E daí, não vamos “resolver” esses grandes problemas, que nos deixam vergonhosamente elencados nos piores níveis educacionais em termos mundiais? Isso afeta a nossa qualidade de vida, a nossa produtividade, o nível profissional, a renda, se somos ricos ou atrasados. Isso sim, importa.
Nada mudou nisso em 13 anos de um governo que se dizia preocupado com o social. Os números são os mesmos, alguns até piores de décadas de governos anteriores. Mas agora se faz “justiça social”, como “prova” essa notícia. Balela. Isso se chama engodo social.
O que precisamos é fazer desse país um país que nivela todos os seus cidadãos (alunos) “por cima”, pelo acesso ao mesmo nível educacional de base, com a mesma carga de disciplinas e conteúdo, dada por professores competentes. Isso é a verdadeira democracia e cidadania. Isso sim é de valor. Porque independente da cor e da origem cultural ou orientação sexual, todos têm o mesmo cérebro capaz de alçar longos voos, basta que lhes cheguem as ferramentas (educação) certas.
Então, a cada vez que votarem, escolham candidatos realmente interessados na mudança na qualidade da educação de base, pois atende a necessidade de todos, não a de grupos “seletivos”. Escolham candidatos que realmente se comprometam com a educação e que vão investir em escolas, nos professores, que vão obrigar a todos a irem para a escola, principalmente os pobres. E vamos daí também acabar com essa demagogia eleitoreira que só pensa nos votos de classes escolhidas a dedo, não pensando no bem delas, mas na permanência no poder. Vai ser preciso procurar com uma lupa, mas um dia um real estadista aparecerá.
Noticia equivocada, a primeira Indígena formada em Medicina foi na UFRGS em 2015.
NOTA DO SITE: a notícia está rigorosamente correta. Laura é a primeira indígena formada em medicina NA UFSM. E ela faz história NA UFSM.