Por FRITZ R. NUNES (texto) e RAFAEL BALBUENO (foto), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
Dezenas de estudantes que participam do “Ocupa UFSM” em protesto contra a PEC 55 realizaram no final da manhã desta quinta, 1º, um protesto no saguão do prédio da Reitoria, no campus de Camobi. Eles foram acompanhados de técnico-administrativos em greve e também de professores, que haviam saído da assembleia para prestar solidariedade aos estudantes. O ato teve por objetivo repudiar a medida encaminhada pela Procuradoria Jurídica da UFSM, subordinada à Advocacia Geral da União (AGU), na quarta, 30, pedindo a reintegração de posse dos prédios ocupados, identificando cada um dos ocupantes e, ainda, pedindo que essa desocupação ocorra com o uso de força policial.
Durante o protesto, os estudantes entregaram documento ao reitor, Paulo Burmann, que estava acompanhado do vice, Paulo Bayard, e de alguns assessores, em que ‘exigiam’ do dirigente uma posição pública em relação a quatro pontos básicos:
– que a reitoria não permita a identificação e a consequente criminalização dos ocupantes;
– que o reitor se posicione publicamente contra a reintegração de posse;
– que o reitor não aceite o uso de força policial para a desocupação;
– que o reitor divulgue publicamente uma posição de repúdio à PEC 55.
A leitura do documento, antes da entrega ao reitor, foi feita em forma de jogral para que todos os presentes pudessem ouvir. Na sequência, o vice-presidente da Sedufsm, professor João Carlos Gilli Martins, entregou uma nota de repúdio à quebra da autonomia da UFSM e disse que os docentes também esperam uma posição formal do professor Paulo Burmann contra a desocupação e criminalização das ocupações estudantis, e também em defesa da autonomia universitária. Tânia Flores, da Assufsm, relatou que os técnico-administrativos já haviam se reunido no início da manhã com o dirigente para cobrar posicionamento frente à medida da Procuradoria Jurídica.
Espaço para o diálogo
Após ser muito questionado, o reitor Paulo Burmann disse que analisaria com bastante cuidado os documentos encaminhados tanto por estudantes quanto por professores para então se manifestar publicamente. O dirigente recebeu aplausos quando disse que discordava da iniciativa de identificação dos ocupantes e também que faria todo o…”
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“Repúdio à quebra da autonomia da UFSM”?
Espera aí. Belisquem-me. Foi um professor (e de nível superior) que disse esse absurdo? Ele não sabe que mora num país, que tem uma Constituição?
Desde quando a UFSM tem leis próprias que estão acima da Constituição e do Código Penal? Qualquer um pode entrar na UFSM, pintar e bordar, é tipo de uma embaixada estrangeira com leis específicas, falam inclusive uma língua estrangeira? Não. Então de onde saiu esse absurdo?
Espera aí. Marmanjos pedindo que a Vossa Magnificência passe uma borracha em tudo? Que o código disciplinar seja “evaporado”? Sujeitam-se a ir à presença da Vossa Magnificência para ele rasgar a Constituição e tentar impedir a ação da polícia e do MPF, por algo que eles cometeram ilegalmente e querem insistir na manutenção do ato ilegal como se nada tivesse acontecido? Mas isso é uma falta de vergonha descarada.
Adolescentes podem votar aos 16 anos se quiserem. Isso significa que a sociedade deu um poder imenso de responsabilidade a adolescentes para escolherem pessoas que vão comandar a vida de outras 200 milhões de pessoas. Sou crítico quando a isso, mas a lei diz que pode. Ok. Aos 18 anos são responsabilizados legalmente e podem até pegar um carro e dirigirem pelas ruas, mesmo que os hormônios peçam que cometam infrações a toda hora. Ok.
Aí alguns entram numa universidade. Vejam a capacidade de raciocínio, de conhecimento geral e especializado que esses devem possuir para chegarem nessa posição, o quanto bem informados estavam sobre situações mundiais e sociais, o quanto estavam capacitados para desenvolverem um trabalho conclusivo de um tema numa redação, percebendo cognitivamente relação entre causas e consequências. O quanto sabem de lei, da nossa Constituição, dos direitos e deveres sagrados de cada cidadão.
E já maiores, estudando numa boa universidade pública, de graça, custeados pela sociedade que paga uma alta conta, percebam como privilegiados são, intelectualmente também, no caso bem orientados por advogados com relação às ocupações, sabendo das consequências, sem problemas cognitivos, sabendo de todos os riscos notáveis da punição pela lei, vão ao reitor para fazerem esse fiasco?
Que perda intelectual é essa? Voltaram aos tempos de adolescência? Ficaram menores de idade de repente? Querem que levemos balões e bolos de festa para vocês? Que coisa mais surreal isso. Marmanjos, a coisa é séria, a UFSM não é um maternal.
A apresentação processual legal para julgamento e penalização na Justiça dos atos em questão é um fato natural sequente frente ao acontecimento, assim como sofrerem processos disciplinares na UFSM. Você sabem muito bem disso. O MPF está com processo correndo e tem de ir até o fim. E não vai deixar passar isso porque o MPF tem uma atribuição legal de tratarem todos os cidadãos de forma equivalente, conforme o ato ilegal praticado e o que diz a lei.
Assumam a responsabilidade pelo que fizeram. Cresçam. Estejam à altura do próprio “grande ato” e arquem com as consequências.
Isso é democracia, é coisa para gente grande e responsável.