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Casa vazia – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

Sempre fui estranha… sempre me considerei diferente e estranha.

Estranha porque nós temos padrões de comparações com outros. No geral, as pessoas gostam de decoração, móveis, eletrodomésticos e coisas, muitas coisas…

Eu sou estranha porque eu gosto dos espaços vazios, gosto do nada, da folha em branco, da roupa no cabide, do copo lavado… da casa vazia…

Gosto da possibilidade de poder preencher com o que eu quiser.

Gosto do eco dos sons nas paredes pintadas.

Gosto dos corredores que levam ao desconhecido do próximo cômodo vazio.

Gosto de ver as tomadas de energia elétrica livres.

Gosto da sensação de liberdade e conforto que o nada tem.

Sou estranha porque vejo um cano sem chuveiro e mesmo assim giro o registro e sinto o respingar da água gelada e densa.

Gosto!

Abro as janelas sem cortinas e gosto de ver um horizonte habitado

Voltar minha atenção ao ambiente e notar que tudo está cheio de possibilidades minhas…

Eu gosto de descobrir a vizinhança disposta a conversar e saber das novidades…

A voz ecoa pelos cômodos, a casa tem som de casa vazia…

Gosto de abrir as portas…

Gosto de apertar o interruptor da luz…

Gosto de tocar a campainha… béééééézzzz, ou dim-dom?

Garagem sem carro e escura… medo…

Gramado, acimentado ou sacada… lazer limitado.

Quando todos se vão, gosto de deitar no chão solitário e olhar pro teto…

Gosto da correria desenfreada na qual se testa o tamanho da casa.

Gosto da discussão pelos quartos, locais das camas…

Já imagino o sol da manhã e o da tardinha. O calor do dia…

Eu gosto da casa vazia e das possibilidades.

Eu gosto da casa vazia e do novo amanhã.

Eu gosto da casa vazia…

Casa vazia… minha infância…

Ah… como é bom estranhar uma casa vazia!

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra este texto é reprodução de Internet.

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