Imprensa. As regras do Hospital Universitário ao trabalho dos jornalistas. E as reações
Na segunda-feira, dia 10, os veículos de comunicação receberam uma correspondência assinada pela Assessoria de Comunicação do Hospital Universitário de Santa Maria. O comunicado causou (e ainda causa) muita controvérsia, dadas as condições impostas para que o trabalho dos profissionais seja realizado.
O jornal A Razão, por exemplo, publicou nota na edição de quarta-feira, dia 12, na seção Resumo, de responsabilidade do Editor Chefe. É, digamos, a opinião da redação acerca das normas da Assessoria do HUSM. Claramente contrária às determinações, a editoria do jornal se posiciona a respeito.
E, na noite desta quinta-feira, 13, quem se manifesta sobre o assunto é o professor Hugo Vela, da UFSM. Ele enviou artigo a A Razão e a este jornalista. Em contato com o editor do jornal, José Mauro Batista, este me confirmou a intenção de publicar a opinião de Vela.
Esta (nem sempre) humilde página de internet está publicando, abaixo, o comunicado das novas regras em vigor no HUSM, a reação do jornal, e o artigo do professor Hugo Vela. Confira e você mesmo, leitor-internauta, firme sua própria posição:
AS REGRAS DO HUSM PARA A IMPRENSA:
Disposições da Assessoria de Comunicação do HUSM
Considerando o Hospital Universitário de Santa Maria ser Instituição Federal, em se tratando de sua inserção social e a repercussão de sua representatividade, destaca-se ser de fundamental importância o relacionamento com a mídia, de maneira solícita e cordial, trabalhando a imagem da instituição, sem faltar com o compromisso da verdade dos fatos. Para que não ocorram incidentes desagradáveis, pedimos aos veículos e meios de comunicação, que se interessam por assuntos ligados ao HUSM, observarem as seguintes disposições:
1. Para realização de matérias, fotos e filmagens, pedimos gentilmente que a assessoria seja avisada com antecedência de pelo menos ½ dia, para que seja autorizada ou não a matéria, dependendo de sua abordagem e relevância.
2. Solicita-se que ligações (em celulares, ou residenciais) para diretores do HUSM, para produção de matérias jornalísticas ou televisivas, devam ser feitas previamente com esta Assessoria de Comunicação ou Secretaria Geral do HUSM.
3. Para reportagens intra-hospitalares, aos repórteres, é imprescindível solicitar as requisições da Assessoria de Comunicação, autorizando os veículos de comunicação local a fazerem suas reportagens, fotos, filmagens.
4. Para fotos, filmagens e entrevistas a serem realizadas no HUSM, é necessário que o assunto tenha verdadeira relevância e significado público, não representando danos para a imagem o Hospital.
5. Quando se tratar de assuntos que mereçam atenção emergencial e sejam relacionados diretamente ao HUSM, e somente nestes casos, solicita-se contato com diretores, desde que os mesmos sejam a única fonte de informação.
Santa Maria, 10 de julho de 2006.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO HUSM
A POSIÇÃO DA REDAÇÃO DE A RAZÃO
Só assim para fazer matéria no HUSM
A assessoria de imprensa do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) enviou comunicado aos veículos de comunicação com regras para reportagens no local. A correspondência, com o título Disposições da Assessoria de Comunicação do HUSM, estabelece que, para realização de matérias, fotos e filmagens, a assessoria deverá ser avisada com antecedência de pelo menos um dia, para que seja autorizada ou não a matéria, dependendo de sua abordagem e relevância. E por aí segue o tal conjunto de normas.
Duas perguntas para os leitores refletirem:
1 – A direção do HUSM é quem determina ou não a importância das matérias e o que é relevante ou não para a comunidade?
2 – Pode a direção de uma instituição pública da magnitude do HUSM, mantida com recursos do povo, autorizar ou não que uma reportagem seja feita?
O ARTIGO DO PROFESSOR DA UFSM
Comunicação, HUSM e Liberdade de Imprensa
Causa surpresa, surpresa desagradável, no mundo da informação, a notícia publicada no A Razão de 12/07/06 p 02, sobre o que as Disposições da Assessoria de Comunicação do HUSM estabelecem para a realização de matérias, fotos e filmagens, a qual deverá ser consultada por qualquer jornalista, para que seja autorizada o não a matéria, dependendo de sua abordagem e relevância.
O redator da referida notícia, ainda pergunta se pode a direção do HUSM determinar a importância ou relevância de uma matéria, ou se pode a direção de uma instituição pública autorizar ou não uma reportagem. Como intelectual, leitor e assinante desse jornal devolvo a pergunta dizendo. O que pensam os jornalistas de tamanho fato, o que pensa a Associação Nacional de Imprensa? Pois se trata claramente do impedimento, certamente ilegal, à liberdade de imprensa.
O HUSM é um hospital escola, dentro de uma universidade pública cuja gestão atual elegeu-se propondo transparência e descentralização. Portanto, supõe-se que o HUSM deve, ou melhor, tem a obrigação de estar aberto para a informação ao cidadão. Como contribuinte e defensor da democracia, entendo que esta só existe quando há participação e informação aberta para os cidadãos conhecerem o que acontece no visível e no invisível, em qualquer lugar, em qualquer instância, jurídica, política, social e econômica.
Insto os amigos jornalistas a que pensem que se hoje se aceita que a direção do HUSM através da Assessoria de Comunicação dite as regras para o seu trabalho, amanhã, qualquer diretor de Centro onde também existem assessorias de comunicação, ou em qualquer órgão público, pode negar o acesso à informação.
A Universidade publica ou privada, laica ou religiosa, grande ou pequena, famosa ou desconhecida, deve ser sempre um exemplo de disposição para a informação, sendo ou não vantajosa para ela, e se o próprio Estado Nacional, com todas suas instâncias de governo, do federal ao municipal, tem estado abertas para a imprensa em qualquer momento e circunstância.
Não há razão alguma pela qual o HUSM deva negar o acesso livre da imprensa para a devida informação, qualquer que seja. Entendendo, obviamente, que todo jornalista é sensato e não entrará com luz acesa e a câmera em ação, em qualquer sala de operação.
Dr. Hugo Vela
Professor Universitário
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