Na versão brasileira do jornal espanhol EL PAÍS, com foto de Reprodução/Feicebuqui
Na semana em que o Brasil registrou duas das maiores chacinas em cadeias de sua história, autoridades do Governo Michel Temer e dos Governos do Amazonas e Roraima bateram cabeça, trocaram acusações e também deram declarações que mais turvaram o cenário do que contribuíram para amenizar a crônica crise do sistema penitenciário. Bruno Júlio (PMDB-MG) nem estava no olho do furacão, mas acabaria perdendo o cargo de Secretário da Juventude do Governo Temer por defender as chacinas: “Tinha que ter uma por semana”, disse, para registro de uma coluna do jornal O Globo e do site Huffington Post. Ele diz ter feito as declarações quando a entrevista formal já havia sido encerrada. Veja essas e outras declarações polêmicas da semana.
Queda do secretário da Juventude
Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana. (…) Os santinhos que estavam lá dentro, que estupraram e mataram: coitadinhos, oh meu deus, não fizeram nada. Para, gente! Esse politicamente correto que está virando o Brasil está ficando muito chato. Obviamente que tem de investigar, tem que ver
Bruno Júlio, disse, em sua página no Facebook, que as declarações foram feitas quando a entrevista já havia sido encerrada. Ainda assim, a repercussão da fala o fez pedir demissão do posto na Secretaria da Juventude, ampliando o constrangimento para o Governo nesta crise.
Contradição sobre a ajuda da União ao Estado de Roraima
O que foi solicitado pelo governo de Roraima foi o envio da Força Nacional pra fazer segurança pública, não o envio pro sistema penitenciário. São coisas diversas, o envio da Força Nacional para questões de segurança pública
Declaração acima foi dada pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, quando questionado na manhã de sexta-feira sobre um pedido de ajuda à União feito pelo Governo de Roraima. Mais tarde, Roraima divulgaria os ofícios com os pedidos e o Ministério da Justiça lançaria duas notas para se explicar. Segundo a pasta, a Força Nacional jamais poderia ter sido usada na segurança de presídios.
Temer e a palavra “acidente”
Quero me solidarizar com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus
Criticado por demorar a se manifestar sobre as 56 mortes em Manaus, o presidente Temer atrairia ainda mais críticas ao escolher a palavra “acidente” para se pronunciar sobre o massacre. Relatório de órgão oficial alertava autoridades estaduais e federais sobre problemas na cadeia amazonense. Com a repercussão negativa, a conta de Twitter de Temer publicou uma explicação para o uso da palavra, listando sinônimos registrados, mas menos usuais para o termo: “Sinônimos da palavra ‘acidente’: tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade”.
“Não tinha nenhum santo”
O que eu sei te dizer é que não tinha nenhum santo. Eram estupradores, eram matadores que estavam lá dentro e pessoas ligadas a outra facção, que é minoria no estado do Amazonas
O governador do Amazonas, José Melo (PROS), também foi criticado por, ao comentar a chacina, afirmar que não havia “santos” no presídio. A declaração sobre o massacre que matou 56 apenas em uma cadeia de Manaus foi feita à rádio CBN.
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Em entrevistas fala-se o que o jornalista quer ouvir, não o que se pensa.
Sempre devemos ter cuidado ao dar entrevistas. Fica a lição.
Festival de bobagens, não vale a pena perder tempo discutindo abobrinhas. Melhor deixar isto para o pessoal do politicamente correto que não tem capacidade de fazer outra coisa. E não tinha nenhum santo lá dentro mesmo, como não existe nenhum santo na imprensa.