“Eles pensam que são autossuficientes” – por Maiquel Rosauro

A infraestrutura e a posição geográfica de Santa Maria a tornam um ponto de encontro natural para gestores públicos de toda a região Central do Rio Grande do Sul. É aqui que prefeitos, secretários municipais e técnicos de diferentes áreas das administrações públicas vizinhas se reúnem quando precisam traçar decisões em comum. Todavia, há nos bastidores um silencioso rancor com a Cidade Universitária.

Historicamente, existe a percepção de que Santa Maria não valoriza a região. Este sentimento existe há tempos e é alimentado de forma sucessiva.

Um claro exemplo ocorreu ontem, na Câmara de Vereadores. No Plenário da Casa ocorria um encontro de prefeitos e secretários municipais de Saúde, organizado pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS). O evento iniciou pela manhã com palestras e discursos. No total, 28 dos 32 municípios da 4ª CRS enviaram representações e 12 prefeitos estiveram presentes.

Santa Maria se fez presente com o prefeito municipal, Jorge Pozzobom (PSDB), e a equipe da secretária de Saúde. O tucano inclusive discursou e foi elogiado por seus pares. Porém, a ausência de representantes do Município, à tarde, rendeu inúmeras críticas.

“Eles pensam que são autossuficientes”; “Ele disse que saúde é a sua prioridade, mas por que todo o pessoal dele foi embora?”; “Só estou decepcionado com Santa Maria”; “O prefeito fez um discurso dizendo que estaremos lado a lado, mas aí viramos as costas e todos vão embora”; “Não tem ninguém de Santa Maria aqui dentro”; “Santa Maria foi todo mundo embora e não fica ninguém nem para prestigiar. Mas isso é normal, é sempre assim”; “Como vou poder confiar em um técnico que não está aqui discutindo a situação da saúde?”; “Qual o comprometimento dos técnicos da Saúde com o município?”.

Estes foram apenas alguns dos comentários que anotei de quatro fontes que pediram para não ser identificadas. É bem provável que a Prefeitura tenha alguma justificativa sólida para a ausência de servidores da Secretaria Municipal de Saúde na tarde de ontem. Mas o estrago político vai ser mais difícil de remediar. E a conta, pelo que pude apurar, pode vir quando Santa Maria precisar ser lembrada de que não é autossuficiente.