Destaque

EDUCAÇÃO. Em carta aberta, docentes e funcionários do Bilac falam da situação desesperadora da categoria

Instituto de Educação Olavo Bilac, um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino da cidade. Professores e funcionários se manifestam

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto), Especial para o Site

Os professores e agentes educacionais do Instituto de Educação Olavo Bilac protocolaram na Casa Civil do Estado uma carta aberta ao governador José Ivo Sartori (PMDB). No documento, os profissionais demonstram a preocupação quanto ao pacote de medidas do Estado enviado para a Assembleia Legislativa. Eles também denunciam todos os problemas enfrentados devido ao parcelamento de salários, salas de aula superlotadas, sobrecarga de trabalho, entre outros temas.

“Sabe-se até que colegas de profissão já tentaram suicídio em decorrência do grave quadro em que se encontra o profissional de educação”, diz trecho da carta.

Nessa terça (4) não teve aula na instituição. Diversos educadores somaram-se a centenas de outros profissionais ligados ao CPERS/Sindicato e foram até a Assembleia Legislativa pressionar os deputados a votarem contra o pacote de Sartori. O ato produziu resultado, pois, mais uma vez, o governo recuou e o projeto não foi à votação.

Leia abaixo, na íntegra, a carta aberta:

Carta aberta ao excelentíssimo senhor governador José Ivo Sartori

Excelentíssimo senhor governador, José Ivo Sartori, somos professores e agentes educacionais do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, uma das maiores escolas da 8ª CRE, escola tradicional de Santa Maria e região, com um dos melhores índices do IDEB no ano de 2015, referência na luta pela educação há 115 anos. A escola atende uma média de 1.700 alunos, caracterizada por ser a única escola da cidade que oferece, ainda hoje, o Curso Normal, formadora de futuros professores e contempla um número significativo de professores e agentes educacionais.

Vimos, por meio desta, manifestar nossa insatisfação e contrariedade quanto ao pacote de medidas encaminhadas à Assembleia Legislativa do Estado, que atinge sobremaneira a educação rio-grandense.

Nós, educadores e agentes educacionais, que trilhamos historicamente um caminho de lutas e conquistas, em prol de melhorias e qualidade na educação, não podemos ficar omissos e insensíveis diante da iminência real das perdas de nossas garantias trabalhistas adquiridas de forma árdua. Causa-nos espanto o fato de que o nosso estado, na região Sul, é o que menos valoriza e remunera os trabalhadores da educação, inclusive não pagando o piso nacional, que foi o estipulado em lei.

Além disso, podemos destacar que vivenciamos uma situação desesperadora, com um número expressivo de professores e agentes educacionais em situações degradantes de penúria por sucessivos parcelamentos, desencadeando uma total desestrutura no orçamento da organização familiar.

Não são poucos os que estão em atestado médico, trabalhando, na maioria das vezes, ao extremos de suas condições físicas e psicológicas, chegando muitas vezes, à exaustão. Esta situação se intensifica ainda mais com a dramática condição em que se depara o professorado gaúcho, com salas de aula superlotadas, precária infraestrutura e deficiência de recursos materiais e humanos, sobrecarga de trabalho, sem falar em práticas que se tomaram habituais na maior parte das escolas, como vendas de rifas, risoto, brechós, dentro outros, papel este, que não nos contempla como educadores que somos.

Essa triste realidade agrega, também, um número alarmante de profissionais adoecidos, estressados, depressivos. Sabe-se até que colegas de profissão já tentaram suicídio em decorrência do grave quadro em que se encontra o profissional de educação. Deparamo-nos, ainda com muitos educadores e funcionários que recorrem humilhantemente, a uma complementação salarial, os conhecidos “bicos”, para garantir a sua sobrevivência e de suas famílias. Convém ressaltar que presenciamos de forma lamentável o abandono da profissão pelo desgosto e desvalorização, além de significativa diminuição da procura dos jovens pela carreira do magistério, revelando o casos que a educação pública está mergulhada.

O sistema educacional necessita de bons profissionais à medida que aumentam as exigências que lhe são atribuídas e, consequentemente, deveria haver maior valorização social e salarial. No entanto, o cenário apresenta-se degradante, revelando a fragilização da nossa realidade no contexto educacional.

Excelentíssimo Senhor Governador José Ivo Sartori, a grandeza de um estado como o nosso Rio Grande, que sempre foi enaltecido no panorama brasileiro, por celebres conquistas, não pode ficar insensível diante de dantescos retrocessos.

Comungamos da ideia de quem um Estado só se faz grandioso se a educação representar um dos seus pilares, visto que a mesma é um dos mais efetivos meios para o desenvolvimento integral do ser, para constituir-se com o sujeito histórico, ativo e transformador na sociedade.

Senhor José Ivo Sartori, como maior representante do povo gaúcho, solicitamos veementemente a Vossa Excelência, que reconsidere e mantenha os nosso direitos conquistados, consagrados e legitimados, pois, através do nosso trabalho, primamos pela formação e educação de milhares de estudantes gaúchos, e, dessa forma estamos contribuindo para a construção de um Rio Grande melhor.

Diante disso, estamos dispostos a debater conjuntamente medidas que tenham o objetivo de evitar retrocesso ao banir direitos conquistados, pois Vossa Excelência recebeu o aval e a credibilidade do povo gaúcho para governar em prol da população. Por isso, Senhor José Ivo Sartori, recorremos para sua sensibilidade em garantir, zelar e manter nossas conquistas, que perpassaram por diversas gerações.

OBS: Como se trata de uma carta aberta será amplamente divulgada em todos os meios de comunicação, pois a sociedade precisa saber com profundidade, o que uma categoria tão importante vem sofrendo para conseguir exercer com dignidade a sua profissão.

Professores e agentes educacionais do Instituto de Educação Olavo Bilac

Santa Maria, 30 de março de 2017”

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

6 Comentários

  1. Tem razão seu Jorge. O CPERS esta do jeito que está pq tem funcionários como nós que somos acomodados e não vão pra rua protestar e fazer valer seus direitos. Um sindicato não se faz sozinho. Se faz coma participação de todos os envolvidos no processo. Não adianta atacar esse ou aquele se continuarmos a pensar que outra classe social vai lutar por nós. Jamais o empresário, político, juiz, ou classe diferente da nossa realidade irá lutar pelas nossas causas. Ou nós fazemos acontecer ou ……….e depois não viemos atacar ou culpar um ou outro.

  2. Finalmente entendeu, dona Rose?

    Não vai adiantar pegar num lenço e chorar, exigindo que o Estado mantenha a estrutura como está, ou achar que vai cair dinheiro do céu para mudar as coisas, é preciso mudar tudo e muito.

    Se do jeito que está não funciona mais, tem de mudar, sim. Isso é ser “acionário”, FAZER ações cabíveis para melhorar as coisas, doa a quem doer. Você faz isso na sua vida particular, você muda quando as contas ficam no vermelho, você corta despesas, você vende bens, você faz AÇÔES para que as coisas voltem nos eixos, e no setor público tem de ser diferente? Se pensa que sim, é só dissociação da realidade, coisa que ideológico que nunca tem os pés no chão.

    E ao fazer as mudanças que vão tirar privilégios de uma minoria que mama nos nossos grandes úberes e vender o que tem de vender, isso significaria até poder diminuir os impostos que toda a sociedade tem de pagar hoje, dona Rose, até você hoje paga altíssimos impostos para manter um Estado ineficiente, perdulário, deficitário, pagando uma minoria cheia de mordomias que não dá retorno, e por isso também não pode pagar melhor os funcionários, os que merecem, nem em dia.

    Preciso explicar mais, dona Rose? Não caiu a ficha do que está realmente em jogo para melhorar as coisas, para todos nós? Quer milagre? Não existe. O que existe é ação.

  3. Exatamente porque estou com dó dos professores e dos brigadianos que quero que as contas desse Estado se consertem, dona Rose, doa a quem doer.

    As contas públicas não vão se consertar pegando um lenço e chorando, nem chamando os outros de “reacionário” (coisa de vermelhinho que adora um úbere estatal), nem fazendo greves, nem com um CPERS inerte e reticente a mudanças necessárias, mais ideológico do que realmente preocupado com a classe, os alunos e a educação.

    As contas públicas só vão melhorar quando alguém tomar peito para fazer a coisa certa, e isso significa “colocar o chiqueiro em ordem”, ou seja, acabar com o mundo de fantasia do serviço público dos Três Poderes, com muitos benefícios e regalias que não tem o mundo privado, como por exemplo: as aposentadorias acima do teto, ajustando-se a idade de aposentadoria para uma idade realista, acabando com a absurda licença-prêmio que algumas classes ainda têm, acabando com o vergonhoso auxílio-moradia de cinco mil reais que ganham juízes e desembargadores, acabando com a estabilidade do serviço público que mantém ineptos e incompetentes nos empregos, e ainda ganhando o mesmo que ganha a parcela do servidor público realmente esforçada e eficiente. Os bons no serviço público sempre pagam pelos ruins quando tem estabilidade, e quem paga toda essa conta alta somos todos nós, inclusive você. Há necessidade premente de vender todos esses paquidermes gigantes que são CEEE, CORSAN, Banrisul, e finalmente melhorar a qulidade de serviços das concessionárias, cujo fim principal não dar emprego para funcionários públicos, e sim atender bem a sociedade. Precisa-se vender a CESA, ou você quer pagar meio bilhão de dívidas, de onde vai sair esse dinheiro? Se você não quer pagar mais impostos, professores deixam de ganhar aumento pois é o mesmo caixa que paga os salários dos professores e os rombos desses grandes úberes estatais.

  4. Fui professora estadual (hoje, não mais, por ter assumido um cargo no funcionalismo federal através de concurso público) e sei o quão lamentável é a situação dos professores estaduais. Nesses pouco anos de experiência em sala de aula, constatei que para exercer o magistério somente uma pessoa “apaixonada” pelo que faz e por isso um “viva” a esses professores guerreiros que ainda acreditam e lutam por dias melhores. Realmente, esse “massacre” é injusto. Meu total apoio a vocês professores do Estado do Rio Grande do Sul.

  5. Falou o Jorge reacionario, estou te seguindo mesmo, pare de escrever bobagens e tenha um pouco de dó dessas pessoas, é lamentavel o que este governo vem fazendo com seu funcionalismo. Mas a volta vem, e como vem e para aqueles como o senhor que não sera candidato em 2018, o Velho esta de olho nestes teus comentarios e daqui um pouco vem o retruco. Passar bem senhor jorge.

  6. Que a coisa está feia, está,

    … mas quem sabe ajudem-se implorando para que o Estado finalmente venda o que pode vender e assim fazer caixa?

    … mas quem sabe ajudem exigindo que acabe a estabilidade do serviço público para que o Estado finalmente possa demitir quem pode e deveria ser demitido?

    …. mas quem sabe ajudem exigindo que se acabe com salários acima do teto, que se acabe com as aposentadorias acima do teto, que o Judiciario acabe com as mordomias e benefícios?

    Ah, e de se deem conta que o CPERS .. “vou te dizer”….. se querem melhorar vão ter de extinguir o próprio CPERS, que é tipo uma “terra improdutiva” há mais de 30 anos.

    Tão poucas coisas, mas tão evidentes que se acontecessem não só melhorariam a condição profissional de vocês, as escolas e a própria educação, assim como os serviços públicos essenciais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo